Por Richard Cowan e Jeff Mason
WASHINGTON (Reuters) – O Senado dos Estados Unidos deu um passo na terça-feira em direção a uma solução para a paralisação parcial do governo que já dura um mês, mas ainda não há sinal de alívio imediato para os 800 mil funcionários federais forçados a tirar licenças ou que estão trabalhando sem receber salário.
O líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell, abriu caminho para votar na quinta-feira uma proposta democrata para financiar o governo durante três semanas, que não inclui os 5,7 bilhões de dólares exigidos pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para a construção de um muro na fronteira com o México.
Trump já se opôs a legislações semelhantes aprovadas pela Câmara dos Deputados.
Anteriormente, McConnell disse que não consideraria um projeto de lei orçamentário que Trump se recusasse a sancionar.
O líder do Senado disse que também colocará a voto na quinta-feira uma proposta de Trump para encerrar a paralisação que inclui recursos para o muro de fronteira e assistência para os chamados “sonhadores”, pessoas levadas ilegalmente aos Estados Unidos quando crianças.
No entanto, é improvável que o plano seja aprovado no Senado, e tem ainda menos chances na Câmara dos Deputados, controlada por democratas.
Democratas têm dito que não irão trocar uma restauração temporária da proteção dos imigrantes contra a deportação por um muro de fronteira permanente que vêem como ineficaz. Em 2017, Trump deu passos para encerrar a proteção dos sonhadores, desencadeando uma briga jurídica.
Entretanto, a ação do Senado pode abrir caminho para o tipo de negociação bipartidária que será necessária para encerrar a paralisação que começou em 22 de dezembro. Norte-americanos têm amplamente culpado Trump pela paralisação, agora a mais longa da história dos EUA.
Funcionários federais afetados estão enfrentando dificuldades para pagar as contas no final do mês.
Uma fonte do governo Trump disse na terça-feira que o presidente ainda pretende realizar o seu discurso de Estado da União no dia 29 de janeiro, apesar da presidente da Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a principal democrata dos EUA, ter sugerido que ele adiasse a cerimônia devido à paralisação.
O pedido parecia capaz de resultar em um novo confronto entre Trump e Nancy, dias antes do presidente se recusar a deixar Nancy usar um avião militar dos EUA para fazer uma viagem, horas antes de ela embarcar.
Assessores de Nancy não responderam a pedidos por comentários sobre se o convite de Trump para falar será válido.
(Reportagem de Richard Cowan e Jeff Mason; Reportagem adicional de Susan Cornwell, Colette Luke e Sarah N. Lynch)