Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar fechou com alta de 1 por cento nesta segunda-feira e perto do patamar de 3,25 reais, em meio à fuga do risco no exterior com os temores de que os juros nos Estados Unidos podem subir mais rápido e, assim, influenciar o fluxo de capital global.
Os investidores também ficaram cautelosos com o andamento da votação da reforma da Previdência diante da falta de apoio político do governo para tirar a matéria do papel, considerada essencial para colocar as contas públicas do país em ordem.
O dólar avançou 1,01 por cento, a 3,2470 reais na venda, depois de ir à máxima de 3,2520 reais na sessão e acumular ganhos de 2,46 por cento em dois pregões.
O dólar futuro tinha alta de cerca de 0,90 por cento no final da tarde.
“O mercado interno respeitou a realização lá fora”, afirmou o gestor de uma corretora local.
O dólar subia ante uma cesta de moedas enquanto o mercado de títulos se estabilizou após o rendimento do Treasury de 10 anos ter atingido o pico de quatro anos com as preocupações de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, poderia aumentar as taxas de juros mais rapidamente para combater a inflação.
Juros mais altos nos Estados Unidos podem atrair à maior economia do mundo recursos aplicados hoje em outras praças, como a brasileira.
“O mercado se posicionou na sexta-feira ao cenário de juros nos Estados Unidos e hoje segue nesse posicionamento, também voltado às questões internas, à reforma da Previdência”, afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, acrescentando que, caso da reforma não seja aprovada, o dólar ainda deve subir mais um pouco sobre o real.
O governo continuava no esforço para tentar unir os 308 votos mínimos necessários para aprovar a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados após o Carnaval. Recentemente, o presidente Michel Temer negou que tivesse jogado a toalha sobre a votação da reforma, mas destacou que o país não podia ficar no tema o ano inteiro.
Nesta manhã, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que não pretendia retirar a reforma da Previdência da pauta antes de 20 de fevereiro, para quando está prevista a votação da matéria pelos deputados, mas deixou em aberto a possibilidade após essa data.
O Banco Central brasileiro não anunciou intervenção no mercado de câmbio para esta sessão. Vencem em março 6,154 bilhões de dólares em swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, e caso a autoridade queria rolá-los, terá de fazer leilões neste mês.