BRASÍLIA (Reuters) – A lama com rejeitos de mineração da barragem da Vale que rompeu em Brumadinho (MG) não deverá chegar à represa da usina hidrelétrica de Três Marias, no rio São Francisco, disse nesta segunda-feira o secretário de Geologia, Mineração e Transformação Mineral do Ministério de Minas e Energia, Alexandre Vidigal de Oliveira.
O secretário afirmou, em entrevista coletiva após se reunir com representantes da Vale em Brasília, que o monitoramento feito pelas autoridades indica que a lama da barragem da mina Côrrego do Feijão indicam que a corrente de lama perdeu velocidade.
“As informações iniciais são de que não chegarão lá em Três Marias. Esse episódio se diferencia muito do episódio de Mariana. Não dá para ter o evento Mariana como referência para esse evento Brumadinho”, disse Oliveira após a reunião com os representantes da mineradora, referindo-se à tragédia da Samarco –joint venture da Vale com a australiana BHP Billinton– em Mariana, em novembro de 2015.
Na ocasião, a lama da barragem do Fundão, da Samarco, atingiu o rio Doce e tornou-se o maior desastre ambiental da história do Brasil.
O secretário disse que a reunião com representantes da Vale serviu para buscar entender o que gerou o rompimento da barragem e definir se os parâmetros adotados para este tipo de instalação são os mais adequados. Ele disse que o governo do presidente Jair Bolsonaro fará reuniões similares com outras mineradoras.
“Estou acabando de sair dessa primeira reunião com a Vale do Rio Doce, tanto o grupo técnico como o grupo institucional. O caso, o desastre de Brumadinho nós temos que entendê-lo sob dois contextos: o que já aconteceu e o que está sendo feito –e aí toda a preocupação humanitária e ambiental– e tem o segundo contexto que é o consequente disso tudo, por que é que aconteceu”, afirmou.
“Essa reunião com a Vale, que não necessariamente se limitará à Vale, nós teremos essa mesma reunião com todos os empreendedores do ramo da mineração, é procurar saber se os parâmetros até hoje disponíveis eles eram suficientes para evitar tragédias como essas que aconteceram”, acrescentou.
O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais já confirmou 60 mortes por conta do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, número que deve aumentar, já que ainda existem quase 300 pessoas desaparecidas. De acordo com as autoridades, as chances de encontrar sobreviventes são pequenas, já que o desastre aconteceu na sexta-feira.
(Reportagem de Mateus Maia; Reportagem adicional e texto de Eduardo Simões; Edição de Pedro Fonseca)