BRASÍLIA (Reuters) – O presidente em exercício, Hamilton Mourão, afirmou nesta segunda-feira que a destituição da diretoria da Vale <VALE3.SA> precisa ser feita pelo Conselho de Administração da empresa e não está em estudo o governo pedir uma reunião para tratar do assunto, apesar de ser um dos acionistas e possuir a Golden Share na empresa.
“Essa questão da diretoria tem que reunir o Conselho de Administração porque é ele que nomeia, então nós não temos poder para isso. A mudança tem que ser por meio do Conselho, é a única forma. E o presidente (Jair Bolsonaro) é quem tem que decidir isso, e ele está fora”, disse Mourão.
Bolsonaro foi operado na manhã desta segunda-feira para retirada da bolsa de colostomia e deve ficar 48 horas na unidade de tratamento intensivo, em repouso absoluto. Nesse período, Mourão exerce a Presidência.
Mais cedo, Mourão havia afirmado que o grupo de crise que trata do rompimento de uma barragem em Brumadinho (MG) estudava a possibilidade de pedir a destituição da diretoria, mas que não sabia se isso seria possível e como seria feito.
“Essa questão da diretoria da Vale está sendo estudada pelo grupo de crise. Vamos aguardar quais são as linhas de ação que eles estão levantando”, disse Mourão a jornalistas, mais cedo, ao ser questionado se essa seria uma possibilidade.
A possibilidade foi levantada no domingo pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), que usou sua conta no Twitter para afirmar que a diretoria deveria ser afastada por ação cautelar.
No caso, as medidas cautelares, como sugerido pelo senador, são ações judiciais que podem ser impetradas pelos acionistas, Advocacia-Geral da União, Ministério Público ou mesmo qualquer cidadão. Depende, no entanto, de ser acatada pela Justiça.
O presidente em exercício informou ainda que a reunião ministerial, na manhã da terça-feira, se concentrará em analisar a política nacional de segurança de barragens e levantar o que deve ser corrigido.
O rompimento da barragem de rejeitos da mina Córrego do Feijão em Brumadinho (MG), na última sexta-feira, já contabiliza 60 mortos e ainda há ainda quase 300 desaparecidos.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito)