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Venezuela vê economia ameaçada por sanções dos EUA e retém petróleo nos portos

Por Mayela Armas e Deisy Buitrago

CARACAS (Reuters) – Os venezuelanos se preparavam nesta terça-feira para o aprofundamento de uma crise econômica brutal, depois que os Estados Unidos impuseram sanções que restringem acentuadamente as exportações de petróleo do país, e o governo socialista reagiu se recusando a enviar petróleo sem pagamento antecipado.

O governo Trump espera que as sanções, que proíbem a petroleira estatal PDVSA de receber os lucros da venda de petróleo a refinarias dos EUA, forcem o presidente Nicolás Maduro a renunciar e permitam ao líder opositor e autoproclamado presidente interino Juan Guaidó convocar eleições.

Em um pronunciamento em rede nacional feito na noite de segunda-feira em tom desafiador, Maduro disse que adotará ações legais para contestar as sanções e defender a Citgo Petroleum Corp, subsidiária de refino da PDVSA nos EUA que acusou Washington de tentar roubar. Ele também prometeu retaliar, mas não anunciou nenhuma medida específica.

“Daremos a resposta recíproca e convincente necessária para defender os interesses da Venezuela no devido tempo”, disse Maduro.

A PDVSA reagiu às sanções ordenando aos clientes com navios-tanque que segurem carregamentos de petróleo com destino aos EUA até que recebam pagamento antecipadamente, segundo três fontes a par da decisão. Tais pagamentos adiantados podem ser uma violação das sanções, o que prepara o cenário de um impasse nos portos.

A perda da renda oriunda dos EUA, o principal comprador de petróleo venezuelano, reduzirá ainda mais a capacidade do governo de importar itens básicos, como alimentos e remédios, exacerbando uma crise humanitária que levou mais de 3 milhões de pessoas a fugirem da nação assolada pela hiperinflação nos últimos anos.

“Se vocês não encontrarem um lugar para esse cru rapidamente, o espaço de manobra encolherá e as importações serão afetadas”, disse Asdrubal Oliveros, diretor da consultoria Ecoanalitica, sediada em Caracas.

Guaidó, que argumenta que Maduro usurpou a presidência ao tomar posse para um segundo mandato de seis anos em 10 de janeiro após a eleição de maio de 2018, que a oposição considerou fraudulenta, disse estar preparado para receber 20 milhões de dólares em ajuda humanitária prometida pelos EUA.

Ele também está se movimentando para criar novos conselhos de diretores para a Citgo e a PDVSA, o que pode permitir ao seu governo paralelo receber dinheiro mantido em contas caução nos EUA.

Mas para controlar de fato funções estatais ele precisaria do apoio dos militares, até agora fiéis a Maduro, que vem assegurando seu endosso em parte lhes concedendo o comando de instituições estatais cruciais, como a própria PDVSA.

(Por Mayela Armas e Deisy Buitrago)

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