PEQUIM (Reuters) – Os Estados Unidos devem ser responsabilizados pelas consequências de suas sanções à Venezuela, disse a China nesta terça-feira, depois que Washington impôs sanções abrangentes à estatal petrolífera PDVSA.
As sanções mais recentes dos EUA, anunciadas na segunda-feira, parecem ter por meta forçar o presidente Nicolás Maduro a renunciar e aproveitar o ímpeto que cresceu contra o líder venezuelano em casa e no exterior nas últimas semanas. Juan Guaidó, líder opositor que se proclamou presidente interino na semana passada com apoio norte-americano e aval da maioria dos países ocidentais, afirma que Maduro fraudou sua reeleição e que precisa renunciar para permitir novas eleições justas. A China disse se opor a sanções unilaterais. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Geng Shuang, disse que a experiência histórica mostra que a interferência estrangeira “só torna as situações mais complicadas”. “As sanções do país relevante à Venezuela levarão à deterioração das condições de vida da pessoas”, disse Geng em um boletim de rotina à imprensa em Pequim, em referência aos EUA. “Eles deveriam ser responsabilizados pelas consequências graves disto”. A China emprestou mais de 50 bilhões de dólares a Caracas em troca de petróleo na última década, garantindo suprimentos de energia para sua economia de crescimento rápido. Mas o financiamento secou à medida que a economia do país sul-americano começou a entrar em colapso em 2015, pressionada pela queda dos preços do petróleo.
O governo Trump passou muito tempo evitando mirar o setor petrolífero da Venezuela por medo de que isso afete as refinarias norte-americanas e aumente o preço do petróleo para seus cidadãos. Autoridades da Casa Branca também expressaram o receio de infligir ainda mais privações ao povo venezuelano. O Kremlin também disse nesta terça-feira que as sanções dos EUA à PDVSA equivalem a uma interferência aberta e ilegal nos assuntos domésticos da nação latino-americana. Moscou está avaliando o impacto das sanções na Rússia e pretende usar todos os mecanismos legais à sua disposição para proteger os interesses russos na Venezuela à luz das sanções, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. (Por Michael Martina)