BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Jair Bolsonaro deixou a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e está em um quarto do hospital Albert Einstein, onde se recupera de cirurgia, e reassumiu as funções de presidente da República, informou o porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, nesta quarta-feira.
De acordo com boletim médico divulgado pelo hospital no final da tarde, Bolsonaro “segue apresentando boa evolução clínico-cirúrgica, sem sangramentos ou disfunções orgânicas” após a cirurgia, que levou cerca de sete horas na segunda-feira. Também segundo o boletim, o presidente não apresenta febre ou outros sinais de infecção.
“Continua em jejum oral, recebendo por via endovenosa todos os nutrientes necessários para sua recuperação. Realizou os exercícios de fisioterapia respiratória e motora, e caminhou no corredor com boa tolerabilidade. Por ordem médica, o paciente segue com visitas restritas”, afirma o boletim.
Bolsonaro foi operado para retirada da bolsa de colostomia que usava desde que levou uma facada durante a campanha presidencial em setembro passado. A cirurgia também serviu para reconstrução do trato intestinal de Bolsonaro.
No início da tarde, o presidente usou o Twitter para dizer que estava reassumindo o cargo. “Entre exercícios e fisioterapia, os trabalhos que já vinham sendo tocados pela nossa equipe seguem com afinco. O apoio que estou recebendo será fundamental para minha total recuperação. Muito obrigado! Um forte abraço a todos!”, escreveu.
De acordo com informações da Presidência da República, Bolsonaro deve despachar e receber ministros em uma sala preparada para isso no hospital. Nesta quarta-feira, no entanto, não há previsão de audiências até o momento. O presidente deverá ficar no hospital ainda por cerca de 10 dias.
Segundo o porta-voz, Bolsonaro já caminhou pelos corredores do hospital e se exercitou em uma bicicleta ergométrica no quarto. Disse ainda que o presidente tem orientação médica para evitar falar, já que a fala pode gerar gases e consequentes dores, que podem atrasar o processo de cicratização da cirurgia. Mas ele tem trocado mensagens com ministros e auxiliares.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, trocou mensagens com o presidente e disse a jornalistas que lhe enviou informações sobre o rompimento de uma barragem de rejeitos de minérios operado pela Vale em Brumadinho (MG).
“O presidente não está podendo conversar. Eu mandei uma mensagem pra ele com os últimos dados sobre Brumadinho e amanhã os três ministros que mais estão envolvidos com esse assunto devem ir à São Paulo para uma breve conversa com ele, até porque a recomendação e pedido da família são de visitas só após segunda-feira”, disse Mourão.
A previsão é que os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Gustavo Canuto, sejam recebidos por Bolsonaro na quinta-feira.
Em briefing à imprensa após a fala de Mourão, no entanto, o porta-voz afirmou que os ministros não visitarão Bolsonaro pessoalmente na quinta-feira.
Ele disse ainda que há chance de Bolsonaro conversar com os ministros por meio de videoconferência. Os aparelhos para estes fins foram instalados na sala em que funcionará uma espécie de gabinete de Bolsonaro no hospital e, testados, funcionaram bem, disse Rêgo Barros.
“(Bolsonaro) encontra-se em recuperação plena, não obstante precisa manter-se descansando um pouco mais, daí a razão de estabelecermos a possibilidade de despachos via videoconferência ou audioconferência”, disse o porta-voz.
“Assim, a partir de amanhã, caso se faça necessário, o presidente estabelecerá os contatos com seus ministros e, a partir deste contato, definirá as diretrizes
De acordo com o Palácio do Planalto, a agenda de despachos do presidente será divulgada diariamente e o porta-voz da Presidência manterá os briefings diários com informações da saúde do presidente e também de temas tratados nas audiências.
A cirurgia desta semana foi a terceira de Bolsonaro em decorrência de um atentado a faca sofrido em setembro, em Juiz de Fora (MG), durante a campanha eleitoral.
Bolsonaro, de 63 anos, primeiro teve que passar por uma delicada cirurgia de emergência por conta de ferimentos nos intestinos grosso e delgado e em uma veia abdominal. Depois, passou por uma segunda cirurgia para desobstrução intestinal.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edição de Pedro Fonseca e Eduardo Simões)