Por Mayela Armas
CARACAS (Reuters) – O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, disse nesta quinta-feira que agentes de uma unidade de polícia especial foram a sua casa, em um sinal da crescente pressão imposta ao líder da oposição que tenta substituir o presidente socialista Nicolás Maduro.
A polícia perguntou pela mulher de Guaidó, que estava em casa com a filha de 20 meses do casal enquanto ele participava de um evento, disse o político de 35 anos.
“Eu os responsabilizarei por qualquer ameaça ao meu bebê”, disse Guaidó, ao final de um evento público em Caracas. Em seguida, o líder da Assembleia Nacional seguiu para casa, pedindo que diplomatas o acompanhassem.
Os Estados Unidos, que apoiam Guaidó, têm advertido sobre “sérias consequências” se o governo Maduro ferir o líder da oposição. Em seguida, Guaidó apareceu em seu prédio, ao lado da mulher e filha, dizendo “eles não intimidarão essa família”.
Vizinhos disseram que homens que se identificaram como integrantes das Forças de Ações Especiais chegaram ao portão do prédio de Guaidó em um SUV branco. Não havia nenhuma presença policial óbvia quando jornalistas chegaram à casa de Guaidó.
A disputa política entre Maduro, empossado este mês para um segundo mandato, e Guaidó, que se autodeclarou presidente interino da Venezuela na semana passada, tem atraído poderes externos.
Em um lado da briga pelo controle da Venezuela –país membro da Opep com as maiores reservas de petróleo do mundo, mas que se encontra em difícil situação econômica– estão Guaidó e apoiadores ocidentais, liderados pelos Estados Unidos, insistindo em uma transição imediata e na realização de novas eleições.
Do outro lado, Maduro, com apoio de Rússia, China e Turquia, afirma que permanecerá no poder para seu segundo mandato de seis anos, apesar de acusações de fraude envolvendo sua reeleição e do colapso econômico enfrentado pela Venezuela. Maduro tem acusado a oposição de tentar dar um golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos.
Maduro, que assumiu o governo da Venezuela em 2013, tem enfrentado ondas de protestos nos últimos anos, à medida que o país vê o colapso de sua economia, com hiperinflação e crônica escassez de alimentos. Cerca de 3 milhões de venezuelanos deixaram o país.