Em entrevista a MONEY REPORT, Fabio Giambiagi, economista-chefe do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), fala sobre a intenção da equipe econômica do governo federal de incluir no texto da reforma da Previdência uma proposta que fixa uma idade mínima de aposentadoria de 65 anos tanto para homens quanto para mulheres. Confira:
O que justifica mulheres aposentarem mais cedo que os homens?
No meu modo de ver, não há justificativa, mas convencionalmente considera-se que a chamada “dupla jornada de trabalho” explicaria a diferenciação.
Esse argumento segue válido ainda hoje?
Na minha opinião, embora essa seja uma questão que nenhuma sociedade conseguiu resolver a contento, o mundo hoje é muito diferente ao de 50 anos atrás e muitos países têm migrado na direção de regras iguais.
A equipe econômica avalia essa possibilidade, de uma idade mínima igual para homens e mulheres. Por que existe polêmica em torno do assunto?
As polêmicas derivam do contraste entre o desejo da equipe econômica de migrar na direção do que cada vez mais vem sendo adotado em outros países e o conservadorismo de parte da sociedade e do mundo político, que resiste a essas tendências.
Como funciona no resto do mundo?
Cada vez mais a tendência é igualar as regras entre os gêneros e inclusive migrando na direção de uma idade mínima de 66 ou 67 anos.
Essa intenção tem que permanecer na proposta que será enviada ao Congresso?
Pessoalmente, gostaria que a igualdade permanecesse, mas sei que será um ponto em relação ao qual haverá resistências.
Qual deve ser o impacto econômico se essa proposta for mantida?
Não dá para afirmar a priori porque depende dos detalhes a serem definidos na proposta final.
Na sua avaliação, como deve ser a reforma ideal?
Quanto mais parecida com a proposta que vazou, melhor.