A ação que levou o ex-presidente Michel Temer (MDB) para a cadeia teve como origem a delação premiada de José Antunes Sobrinho, sócio da empreiteira Engevix. O executivo revelou ao Ministério Público Federal como funcionava o desvio de dinheiro na estatal Eletronuclear e como o esquema beneficiou Temer. No pedido de prisão preventiva do ex-presidente, o MPF detalhou que o ex-ministro Moreira Franco, que também foi preso, era o encarregado de indicar as empresas que atuariam na construção da usina nuclear de Angra 3. Uma delas tinha como sócio o coronel João Baptista Lima Filho, amigo de Temer. O coronel Lima, segundo o MPF, seria o arrecadador da propina que foi repassada a Temer.
“A fim de executar o mencionado serviço, a Eletronuclear contratou a empresa AF Consult Ltd, que se associou às empresas AF Consult do Brasil e Engevix. A empresa AF Consult do Brasil conta com a participação da empresa finlandesa AF Consult Ltd e Argeplan, que, conforme as investigações revelaram, está ligada a Michel Temer e ao Coronel Lima. Em razão de a AF Consult do Brasil e a Argeplan não terem pessoal e expertise suficientes para a realização dos serviços, houve a subcontratação da Engevix. No curso do contrato, conforme apurado, Coronel Lima solicitou ao sócio da empresa Engevix o pagamento de propina, em benefício de Michel Temer. A propina foi paga no final de 2014 com transferências totalizando R$ 1 milhão e 91 mil da empresa Alumi Publicidades para a empresa PDA Projeto e Direção Arquitetônica, controlada por Coronel Lima. Para justificar as transferências de valores foram simulados contratos de prestação de serviços da empresa PDA para a empresa Alumi. O empresário que pagou a propina afirma ter prestado contas de tal pagamento para o Coronel Lima e Moreira Franco”, destacou o MPF.