O Ibovespa amenizou as perdas durante a tarde, mas o movimento positivo após as 13h não foi suficiente para impedir o forte recuo nesta quinta-feira (21), de 1,34%, aos 96.729 pontos. O índice chegou a cair 2,64% na mínima do dia, aos 95.456 pontos, e alcançou os 98.046 pontos na máxima, próximo à abertura do pregão.
Depois de a bolsa rondar os 100 mil pontos no início da semana, o mercado passou por uma reversão de expectativas depois de o governo entregar a proposta de reforma da Previdência dos militares, na quarta (20). Considerado brando pelo mercado, o texto para as Forças Armadas pode contaminar as discussões em torno do projeto destinado aos civis, entregue há um mês ao Congresso Nacional. Para o membro da equipe de análise econômica da Guide Investimentos, Victor Beyruti, a oposição ao governo Bolsonaro e as corporações contrárias à reforma podem usar a proposta dos militares para dizer que o texto não combate privilégios. “A notícia não foi bem aceita em um primeiro momento”, afirma. “Quem estava comprado aproveitou a piora no clima para realizar lucros.”
Apesar de o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ter garantido que a prisão de Michel Temer nesta quinta não prejudica o andamento das reformas, a notícia ajudou a intensificar o viés de baixa da bolsa. A operação contra o ex-presidente da República acabou gerando um ruído no trâmite da Nova Previdência, tirando o foco dos parlamentares em torno do assunto. Diante da sucessão de más notícias, a escolha do relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara acabou sendo adiada.
Porém, na opinião de Beyruti, o momento não é de pânico para os investidores. “Não há nada perdido, acredito que o movimento deve normalizar até a próxima semana”, pondera. Na sua opinião, a velocidade na tramitação da reforma vai definir a trajetória do Ibovespa nos próximos meses. A Guide trabalha com um cenário base de Ibovespa próximo aos 120 mil pontos até o fim do ano, contanto que pelo menos 60% da economia de R$ 1,16 trilhão para os próximos 10 anos, prevista originalmente pelo governo, seja salva pelo Congresso.
Entre as cinco ações mais negociadas do dia, apenas as da Vale fecharam em alta: 0,65%. Os papeis preferenciais da Petrobras (-1,42%), Itaú Unibanco (-1,76%), Banco do Brasil (-2,10%) e Bradesco (-2,20%) caíram. O dólar comercial subiu 0,98% após quatro recuos seguidos, negociado por R$ 3,80.