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Porque um vídeo como o do “chocolate” já não funciona mais

O governo pavimentou sua vitória através das redes sociais e acredita firmemente que este é o único jeito de se comunicar com a população — ou, pelo menos, o melhor.

Ocorre que a mídia social é um forte instrumento de cooptação e convencimento de pessoas que estão propensas a aderir a uma causa. Até por sua agressividade intrínseca, os fanáticos que estão na rede atacam aqueles que não são necessariamente contrários, mas questionam (os chamados isentões).

Foi usando essa estratégia que o então candidato Jair Bolsonaro formou uma grande base durante a campanha e venceu as eleições. Aqui, no entanto, há uma pegadinha. É possível arriscar num palpite que cerca de metade dos quase 58 milhões recebidos por Bolsonaro era de eleitores anti-PT.

Assim, no cenário atual, os bolsonaristas originais continuam apoiando incondicionalmente o governo. Mas a outra parcela dá mostras de impaciência (vejam o caso de um post recente de J.R. Guzzo, uma voz conservadora por excelência, que chamou o presidente de “banana” ao contemporizar com o escritor Olavo de Carvalho, autor de posts agressivos contra os militares do governo).

Esses eleitores, nada esquerdistas, não serão convencidos de que o governo vai bem por essas “lives” (e, por sinal, há inúmeras medidas louváveis vindo do Ministério da Economia, que se perdem no meio de polêmicas absolutamente inúteis). Eles podem ser impactados, contudo, por uma campanha publicitária abrangente e com uma aproximação republicana com a imprensa. São pessoas que pensam, discutem e opinam. Podem ter sido contaminadas pela imprensa, é verdade. Mas jornais, revistas e TV não inventaram nada de relevante até agora. Apenas deram espaço ao que chamamos de verdades inconvenientes.

Por isso, o governo precisa se mexer em termos de comunicação. Só vídeos como os de ontem, quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, usou chocolates para explicar o contingenciamento do orçamento para as universidades, não vão resolver. A era dos videozinhos passou. É apenas pregação para convertidos. O Planalto precisa de estratégia de comunicação, mas continua à deriva.

Uma solução simples e eficaz é eleger um inimigo comum. Fernando Collor fez isso com os marajás e Bolsonaro com o PT. Por que o governo, por exemplo, não ataca o alto clero do funcionalismo público, com exemplos de gordas aposentadorias, para mostrar que está desagradando grupos fortíssimos? Na história recente, toda a vez que o presidente está mal nas pesquisas, os Estados Unidos entram em guerra com algum país. É a criação do inimigo comum. No Brasil, evidentemente, não precisamos chegar a tanto. Mas essa estratégia pode ser usada contra alguma categoria de privilegiados. Só é preciso tomar cuidado com o Legislativo e o Judiciário. Nestes casos, ameaças institucionais no atacado não funcionam. E podem virar contra o próprio governo

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