Reportagem da revista Veja, realizada em parceria com o site The Intercept, revela novas mensagens trocadas entre o então juiz Sergio Moro (atual ministro da Justiça e Segurança Pública) e o procurador Deltan Dallagnol, da força-tarefa da Operação Lava-Jato. Em um dos diálogos, registrado em julho de 2017, Moro recomendou a Deltan que o Ministério Público Federal não fechasse um acordo de delação premiada com o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.
Segundo a Veja, o então juiz começou a conversa com o procurador falando dos rumores da delação de Cunha e que esperava que o fato não procedesse. Deltan respondeu avisando de uma reunião com os advogados do político e prometeu deixar Moro inteirado do assunto. Moro agradeceu e disse ser contra o acordo.
A revista destaca, com base na avaliação de especialistas, que o então juiz não poderia ter opinado sobre o andamento das negociações conduzidas pelo MPF. Moro seria o responsável pela decisão de validar ou não a eventual delação de Cunha.
A reportagem mostra também que o procurador Ronaldo Queiroz criou um grupo no Telegram, com Deltan Dallagnol, para falar das tratativas com o advogados de Eduardo Cunha. Queiroz relata ter sido procurado pela defesa do ex-deputado e que as informações que ele poderia prestar seriam do interesse de Curitiba, Rio de Janeiro e Natal, onde corriam ações contra o político.
Conforme a Veja, com base nas conversas, Cunha prometeu entregar, apenas no Rio, pelo menos um terço do Ministério Público estadual, 95% dos juízes do Tribunal da Justiça, 99% do Tribunal de Contas e 100% da Assembleia Legislativa.