BRASÍLIA (Reuters) – O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse nesta quinta-feira, que o governo precisa da semana que vem para buscar os cerca de 40 votos que faltam para aprovar a reforma da Previdência ainda neste mês.
Em entrevista coletiva após se reunir com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), Marun disse que, independentemente dos votos contabilizados na próxima segunda-feira, a discussão da reforma deve começar no plenário da Casa na terça-feira.
“Temos consciência de que precisamos ainda da semana que vem para buscarmos os votos que ainda faltam para a aprovação”, disse o ministro, que ainda trabalha com uma margem de 40 deputados a serem convencidos a favor da reforma.
Questionado se o governo insistirá na votação da medida, mesmo sem a certeza de que contará com os votos necessários para sua aprovação, Marun lembrou que a prerrogativa de pautar matérias na Câmara é do presidente da Câmara e disse ter “convicção de que ele (Maia) tem consciência que nós ainda temos um trabalho a realizar durante a semana que vem”.
“Na terça-feira deve começar a discussão oficialmente … e obviamente que iremos ouvir os líderes, iremos também ouvir sugestões de discussões eventuais com as bancadas, de discussões com aqueles membros da nossa base que ainda estão indecisos ou até se manifestando contra a aprovação da reforma.”
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma da Previdência precisa dos votos de pelo menos 308 dos 513 deputados, em dois turnos de votação, antes que a matéria possa seguir para o Senado.
Por isso mesmo –e por ainda não contar com o apoio mínimo necessário para garantir a aprovação da PEC–, o governo continua seu trabalho de articulação e não fecha portas a eventuais mudanças no texto da Previdência, desde que mantida a idade mínima e as mesmas regras para os trabalhadores da iniciativa privada e os servidores públicos.
Maia deve manter conversas ainda nesta semana, avisou Marun, e deve ocorrer uma reunião na noite do domingo, no Palácio da Alvorada, para avaliação do cenário e da estratégia a ser seguida.
Na segunda, da mesma forma, deve ocorrer uma reunião na residência oficial da presidência da Câmara dos Deputados com líderes da base já que a medida encontra resistências em todas as bancadas, de acordo com Marun.
“As concessões que podemos fazer dependem de votos… Podemos discutir conceder aos agentes penitenciários o mesmo tratamento dos policiais em termos de Previdência? Podemos. Pedimos que eles busquem votos”, exemplificou, citando ainda as demandas de funcionários públicos que entraram no serviço antes de 2003, desde que também se traduzam em apoio à PEC.
“Vamos começar a conversar de números a partir da segunda-feira.”
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)