SÃO PAULO (Reuters) – A companhia brasileira de tecnologia Totvs iniciou uma ofensiva sobre o pequeno varejista do Brasil, apostando que um crescimento na procura por melhores ferramentas de gestão de negócios possa incrementar o faturamento da empresa nos próximos anos.
A produtora de software empresarial e hardware está fabricando dispositivos conectados à Internet, que incluem máquinas de pagamento eletrônico e sensores. Esses produtos em conjunto com programas agregadores de dados prometem dar informações aos pequenos varejistas, como o perfil de seus compradores, e permitir estratégias mais acertadas de vendas, algo que já vem sendo promovido por gigantes nacionais como GPA e Magazine Luiza.
Segundo Eros Jantsch, vice-presidente de hardware e micro e pequenos negócios da Totvs, um dos objetivos da ofensiva é a construção de uma base de dados de varejo que poderá nos próximos anos ajudar a empresa a avançar suas ofertas de produtos com tecnologia de Internet das Coisas para além do universo das micro e pequenas empresas.
“Cada vez mais dados são relevantes para os negócios e em algum momento esses dados (que a Totvs vai começar a reunir) vão ter relevância importante e poderão ser monetizados”, afirmou o executivo. “Todas as empresas de tecnologia vão ter uma parcela expressiva de suas receitas sendo geradas a partir de dados”, acrescentou.
A tecnologia de Internet das Coisas permite que dispositivos eletrônicos troquem informações pela Internet, coletando dados e permitindo automatização de funções. No caso da estratégia da Totvs, a iniciativa está sendo tocada pela divisão Bematech, empresa focada em varejo comprada pela Totvs em 2015.
O mercado mirado pela Totvs com o conjunto de produtos de Internet das Coisas é composto por cerca de 10 milhões de micro e pequenas empresas do país que faturam até 4,5 milhões de reais por ano.
Em 2017, a Totvs, que compete com empresas como a Linx no varejo, teve queda de 40,5 por cento no lucro líquido, para 96,4 milhões de reais, com a geração de caixa medida pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado recuando 15,4 por cento, para 303,5 milhões.
Apesar disso, a empresa conseguiu elevar em 34 por cento a receita com software vendido sob assinatura, uma das frentes da iniciativa de Internet das Coisas promovida pela companhia, para 308 milhões de reais.
Jantsch afirmou que os negócios da Totvs no início deste ano estão sendo melhores que os registrados no final do ano passado do ponto de vista de atração de novos clientes, com o clima de negócios mostrando sinais de mais confiança.
“Tradicionalmente tem muita abertura e fechamento de micro e pequenas empresas por ano, mas, por outro lado, estamos vendo os empreendedores mudando um pouco de perfil”, disse o executivo. “Eles estão cada vez mais qualificados…existe sim fechamento e inadimplência, mas a procura por soluções de gestão empresarial tem aumentado”, acrescentou Jantsch.
O executivo comentou que o investimento na estratégia de Internet das Coisas é de 9 milhões de reais. Do total, cerca de 2 milhões de reais foram usados no desenvolvimento de dispositivos como o terminal de vendas posGo, equipado com sistema operacional Android e que tem como parceiro de adquirência a Stone. A máquina vai competir com aparelhos de empresas como a Cielo e Jantsch afirmou que a Totvs está analisando outras adquirentes.
Em março, a Totvs vai colocar no mercado uma versão menor de ponto de vendas chamada de “Bemacash Start” e que vai cobrar mensalidade de 139 reais dos lojistas. “Vai ser o menor ponto de venda do mercado com softwarte de controle de vendas”, disse o executivo, acrescentando que a Totvs pretende inserir soluções de inteligência artificial no dispositivo para ajudar clientes a ampliar as vendas.
(Por Alberto Alerigi Jr.)