MONEY REPORT discutiu nesta sexta-feira (4), em evento em São Paulo, a nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entra em vigor em agosto de 2020. Caio Paes de Andrade (presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro), João Pedro Paro (CEO da Mastercard no Brasil e no Cone Sul), Vanessa Fonseca (Cybersecurity Strategy Executive na Accenture Brasil) e Renato Opice Blum (advogado e economista) abordaram os desafios das empresas para adequação à nova legislação e também as oportunidades que serão criadas no mercado.
Caiu Paes de Andrade destacou que os dados estão se transformando em um assunto de soberania e defesa nacional. O presidente do Serpro disse que a empresa pública de tecnologia da informação que aproveitar a expertise para vender inteligência. “O Serpro tem sido há décadas um guardião das informações do brasileiros sem nunca ter registrado um vazamento relevante”, comentou.
Segundo ele, a LGPD é uma oportunidade para a estatal reduzir a dependência do setor público e aumentar a inserção no mercado privado. “Hoje o faturamento do Serpro vem de 85% de serviços prestados ao governo e 15% de atuação com clientes do setor privado. Queremos diversificar para crescer mais”, afirmou.
João Pedro Paro reforçou a importância do uso de dados. “As informações geram valor e transformam os negócios”, disse. Ele contou que a Mastercard tem trabalhado em conjunto com parceiros para adequação à LGPD. Na avaliação dele, a lei vai aumentar a transparência e permitir que as empresas criem estratégias personalizadas para fidelizar os clientes. “O desafio das empresas será compreender a lei e saber usar bem os dados para transformá-los em algo que possa valer mais”, afirmou.
Vanessa Fonseca alertou que as lideranças precisam estar engajadas para que as empresas tenham sucesso na adequação às novas regras. “É um projeto complexo que envolve todos os setores. Por isso a necessidade de apoio irrestrito e permanente”, disse. Com base nos projetos acompanhados pela Accenture, a executiva apontou que o setor financeiro é o que está mais avançado. Ela afirmou ainda que a LGPD vai trazer um legado importante para o país. “A privacidade não estava na agendas das empresas. Agora, todos os projetos vão ter que nascer com esse cuidado em seu DNA”, afirmou.
Renato Opice Blum comentou que só 15% das grandes e médias empresas estão em conformidade com a nova lei que entrará em vigor. O especialista em Direito Digital apontou os riscos que quem deixar para última hora irá correr. “Quem está demorando para iniciar o processo não vai conseguir finalizá-lo a tempo. Aí as companhias estarão sujeitas a multas e outras punições que poderão provocar, inclusive, o encerramento delas.”