Notas pipocam, aqui e ali, sobre a intenção do presidente Jair Bolsonaro de sair do PSL e criar um partido político. Esta nova agremiação seria batizada de “Conservadores”. Este nome é ruim. E por qual razão?
Tradicionalmente, no Brasil, quem decide as eleições são os eleitores de centro. Pode-se dizer que existem, no país, dois grupos nos extremos do espectro político: um quarto dos votos, assim, seria da esquerda; outro quarto, da direita. Os 50% restantes, assim, seriam do centro. E quem ganha neste segmento leva a eleição. Foram os eleitores de centro que garantiram quatro vitórias consecutivas do PT, combinados com a esquerda, e a ascensão de Bolsonaro em 2018, alinhados com a direita.
Ao abrigar-se num partido chamado “Conservadores”, Bolsonaro poderá se afastar do eleitor de centro. Por que isso não acontece na Inglaterra? Lá, o Partido Conservador coloca-se em oposição ao Trabalhista – e o sistema político naquele país tem mais a ver com o bipartidarismo do que a nossa realidade, com cerca de 40 agremiações. Ou seja, o eleitor centrista não tem exatamente uma miríade de opções como ocorre no Brasil.
Sempre vale, contudo, a ressalva: se o candidato for bom, o nome de seu partido pode ser ruim ou até péssimo. Se Bolsonaro chegar a 2022 com a economia bombando, a chance de o eleitor o reconduzir ao cargo será altíssima. Qualquer que seja o nome de seu partido.