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Eletronuclear negocia dívida de Angra 3 com credores, diz executivo

Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Eletronuclear, da Eletrobras, negocia uma flexibilização de dívida bilionária da usina de Angra 3 com bancos credores, a Caixa Econômica Federal e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para tentar viabilizar a retomada das obras da usina paradas desde 2015, disse à Reuters o diretor-presidente da estatal, Leonam Guimarães.

O passivo com os bancos públicos é de aproximadamente 6 bilhões de reais e o equacionamento da dívida é considerado um ponto fundamental para atração de um sócio privado para investir na retomada da obra.

Segundo o executivo, ainda faltam cerca de 14 bilhões de reais para fechar a obra, e grupos da China, França, Rússia e outros países estão interessados.

“Esse é um ponto crucial que vai ajudar na atração dos investidores e na fixação do valor da tarifa para viabilizar o retorno do investimento”, disse ele, durante um evento no Rio de Janeiro, nesta terça-feira.

Um estudo sobre a conclusão da obra, feito por uma consultoria externa, já foi concluído e deve ser apresentado até o fim do mês.

Uma das possibilidades é de que Caixa e BNDES convertam a dívida no capital de Angra 3. Outra hipótese é conseguir uma carência até 2025, quando a usina deve estar operando.

“Os bancos resistem um pouco à conversão, e a carência pode ser um caminho, mas haveria juros e tem que ver como isso cabe na tarifa”, disse ele. “Para viabilizar, tem que flexibilizar e aumentar a tarifa”, adicionou ele.

Leonam frisou que as conversas com o governo já começaram e uma direção deve ser dada em breve.

“A decisão vem de cima e acho que ainda dá tempo de definir este ano, mesmo com eleição. Se deixar para ano que vem, com um novo governo pode atrasar mais a retomada”, comentou.

A usina de Angra 3 recebeu até o momento investimentos de mais de 5 bilhões de reais –as obras civis estão 67 por cento concluídas e equipamentos já foram contratados no Brasil e no exterior.

Mas a conclusão da obra demandaria mais do que o dobro do valor já investido, o preço da energia estabelecido originalmente para a usina não fecha a conta e precisaria ser revisto, e alguns investidores, como os chineses, querem sinalização de que poderão assumir novos projetos nucleares no país no futuro como contrapartida por participação em Angra 3, segundo fontes disseram à Reuters em janeiro.

A usina de Angra 3, que seria a terceira nuclear brasileira, teve as obras iniciadas originalmente nos anos 80, mas os trabalhos foram suspensos em 1986 por falta de recursos públicos.

O governo autorizou a retomada do empreendimento em 2009, mas os trabalhos foram atropelados por investigações da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, que acusou empreiteiras envolvidas na obra de irregularidades.

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