Desde 2009, nenhum presidente brasileiro visitou os Emirados Árabes Unidos. A exceção foi Bolsonaro, que aproveitou seu périplo pela Ásia para fechar uma série de acordos comerciais. Nesta entrevista, Fernando Igreja, embaixador do Brasil nos Emirados Árabes Unidos, explica como serão feitas as parcerias e diz por que as relações entre os dois países podem entrar em uma nova era.
Qual foi a importância da visita do presidente Bolsonaro aos Emirados Árabes?
A visita foi muito importante, já que há 10 anos um presidente brasileiro não visitava os Emirados. Ela pode marcar uma mudança no relacionamento bilateral. Há três anos, foram assinados alguns acordos que viabilizaram a questão dos vistos, tributação e investimentos. Agora estamos em um nível mais avançado de cooperação. Foram definidas diversas parcerias estratégicas e um programa de trabalho para vários setores da economia.
Por que nenhum presidente brasileiro visitou os Emirados Árabes desde 2009?
As relações entre os países estão amadurecendo aos poucos. Agora estamos vivendo um momento muito importante para conclusão de certos acordos. Um deles é sobre as negociações comerciais com os Emirados Árabes, porque os sistemas de tributação são muito diferentes. Com a visita de Bolsonaro, concluímos finalmente estes acordos. Estamos falando da primeira geração de uma relação bilateral.
Oito acordos foram assinados. Quais são os benefícios para o Brasil?
São acordos em diversas áreas. Um fala sobre a exportação de produtos. A APEX fechou acordos de desenvolvimento econômico com a cidade Abu Dhabi (capital dos Emirados Árabes Unidos), aumentando as possibilidades de negócios para as empresas brasileiras atuarem na região. Os Emirados têm uma zona franca econômica para instalação de empresas estrangeiras. A BRF, por exemplo, já se beneficia desta iniciativa.
O senhor poderia falar dos outros acordos?
Temos entendimentos na área de defesa, integrando a indústria deste setor para desenvolver projetos conjuntos. Outro acordo trata da inteligência artificial. Os Emirados investem muito em inovação e a cooperação com o Brasil pode estimular múltiplas pesquisas. Também desenvolvemos parcerias para a proteção da biodiversidade e meio ambiente, questão que preocupa muito os Emirados. Além disso, definimos parcerias estratégicas na área de aduanas, para facilitar o fluxo comercial. Por último, fechamos um acordo para a troca informações na área de defesa, que fortalece a segurança de dados sigilosos.
Qual seve ser o norte das relações bilaterais?
Eu acredito que a novidade são os acordos de meio ambiente e inteligência artificial. Isso porque abrem possibilidades no futuro, cabendo às autoridades dar continuidade aos projetos. Estes acordos vão beneficiar a área de pesquisa, estimulando a cooperação entre empresas. A inovação é um valor muito importante nos Emirados, que está sempre procurando novas soluções. O Brasil, por seu lado, se caracteriza por ser um país jovem. Ou seja, há grandes chances de bons resultados na prática.
Como está hoje a relação comercial entre os dois países?
O Brasil é o maior parceiro comercial dos Emirados Árabes na América Latina. Em 2018, as exportações foram de US$ 2,6 bilhões e 60% desse total são itens como açúcar, carne de frango e de boi. A ideia é ampliar os negócios.