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A verdadeira batalha da comunicação se vence no campo econômico

O caso Marielle continua dando pano para manga. A TV Globo veiculou uma reportagem na semana passada sobre o assassinato da vereadora. O presidente Jair Bolsonaro reagiu em “live” transmitida do Oriente Médio, onde estava em viagem oficial. Um memorando interno da emissora vazou para a imprensa hoje e gerou uma resposta malcriada da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, a SECOM.

A briga entre governo e imprensa está longe de acabar. Mas, convenhamos, ela é absolutamente inútil — e apenas gera desgastes de ambos os lados. O que faz um governo sobreviver a qualquer tipo de ataque, seja de veículos ou de instituições, não é a comunicação. É a economia.

Lembra-se da frase do marqueteiro de Bill Clinton, James Carvile? Ele desafiava todos aqueles que viam em George Bush sênior um candidato imbatível à reeleição por conta da vitória empreendida na Guerra do Golfo. “É a economia, estúpido”, dizia Carvile a quem apostava num triunfo de Bush, que enfrentava uma forte recessão no mercado interno americano.

Vamos retroceder alguns anos e lembrar do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Logo após o primeiro ano de lua-de-mel, a administração petista foi sacudida por vários escândalos de corrupção: Waldomiro Diniz, Sanguessugas e Mensalão foram alguns deles.

O PSDB, principal partido de oposição à época, preferiu deixar Lula sangrando em vez de pedir seus impeachment. Os tucanos acreditavam piamente que reconquistariam o Planalto pelo voto popular em 2006. Só que a economia reagiu neste primeiro mandato lulista, turbinada pela alta dos preços das commodities e da ascensão da China como comprador de produtos brasileiros.

Resultado: Lula foi reeleito. As celeumas de sucederam. O governo vivia se queixando da imprensa. Mas a economia continuava de vento em popa. Lula conseguiu eleger Dilma Rousseff como sucessora.

A briga com os veículos de comunicação se manteve. Dilma começou a receber severas críticas a partir de 2013, quando eclodiram os movimento de rua. Houve algum resultado prático? Não. Por que? Resposta: a economia ainda dava sinais de força. Hoje sabemos que este vigor era anabolizado por gastos públicos exagerados, pedaladas fiscais e uma política de crédito totalmente fora de controle. De qualquer forma, Dilma foi reeleita, apesar das manchetes obtidas pela operação Lava-Jato, que começava a macular a imagem dos partidos governistas, como o PT e o então PMDB.

Em seguida, contudo, a fórmula econômica artificial começou a engasgar. O desemprego subiu e a recessão começou a aparecer, assim como a inflação. Com a economia em frangalhos, Dilma tornou-se uma presa fácil e sofreu o impeachment.

Veio Michel Temer, que colocou Henrique Meirelles no timão do Ministério da Fazenda e levou nove meses para aprumar o mercado. Em 2017, a recuperação estava em movimento. Foi quando surgiu o escândalo com as gravações do empresário Joesley Batista, que questionava a lisura de Temer. Como resultado, a Reforma da Previdência, que seria votada pelo Congresso, foi engavetada. Mas uma economia resiliente fez Temer ficar no Planalto.

Agora, vemos o governo Bolsonaro ser sacudido a torto e a direito por alguns órgãos de imprensa. A atividade econômica, no entanto, segue se recuperando. Se houver uma queda nos índices de desemprego, a ansiedade da sociedade vai baixar (há alguns riscos no horizonte para que isso não ocorra, mas por enquanto são ameaças longínquas). Ou seja, num cenário positivo, o eleitorado não estará nem um pouco preocupado com os humores do presidente ou pouca atenção prestará aos arroubos dos herdeiros presidenciais. O bolso, como dizia o ex-ministro Delfim Netto, é a parte mais sensível do corpo humano. E é o bolso quem define a permanência dos governos e suas sucessões. Carvile é quem tinha razão: “É a economia, estúpido”.

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