Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) – A renúncia nesta semana do presidente da Renova Energia, controlada pelas elétricas Cemig e Light, acontece em meio à insatisfação do executivo com dificuldades para o fechamento de um acordo junto à canadense Brookfield, que apresentou no ano passado uma proposta pela companhia, disse à Reuters uma fonte com conhecimento do assunto.
A Renova anunciou em comunicado na quarta-feira que Carlos Figueiredo pediu para deixar o cargo, no qual permanecerá até 28 de fevereiro, sem informar motivos para a saída do executivo.
Procurada pela Reuters, a Renova disse que não vai comentar. Figueiredo, por sua vez, não respondeu a pedido de comentários.
A saída de Figueiredo aconteceu às vésperas do vencimento de um período de exclusividade de 30 dias conferido em 24 janeiro pela Renova à Brookfield para negociações.
A primeira oferta formal da Brookfield pela Renova Energia aconteceu em julho de 2017 e, no mesmo mês, as empresas assinaram um primeiro termo de exclusividade, de 60 dias, para realização de “due dilligence”.
Os prazos têm sido alongados desde então, sem uma conclusão para a negociação.
A Renova disse no final de novembro que havia aceito uma proposta dos canadenses, que previa um aporte primário de 1,4 bilhão de reais na endividada companhia de geração renovável. A operação tornaria a Brookfield majoritária e diluiria fortemente a posição de Cemig e Light na companhia.
Mas, segundo a fonte, o negócio não foi fechado até o momento por discordâncias da Cemig em relação a alguns pontos do acordo.
“Há uma recusa da Cemig em resolver a questão dos minoritários… que estava na mesa desde o começo das conversas”, disse a fonte, que falou sob anonimato.
Procuradas, Cemig e Light disseram que não iriam comentar. A Brookfield também não quis comentar.
Figueiredo assumiu o comando da Renova em junho de 2016. Desde então, ele conduziu um processo de reestruturação da companhia que incluiu renegociações de dívidas, cortes de pessoal e venda de ativos, como o parque eólico Alto Sertão II, negociado com a AES Tietê, e o projeto eólico Umburanas, adquirido pela Engie Brasil Energia.
Ele também comandou a busca da Renova por um novo sócio para capitallizar a companhia.
A companhia de geração renovável começou a buscar novos investidores desde o fracasso em 2015 de uma parceria com a norte-americana SunEdison, que faria uma injeção bilionária de recursos na companhia, mas desistiu do negócio após entrar em recuperação judicial nos EUA.