RIO DE JANEIRO (Reuters) – As Forças Armadas pretendem devolver a credibilidade da polícia do Rio de Janeiro e recuperar sua capacidade operacional durante a intervenção federal na segurança do Estado, reduzindo os índices de criminalidade e devolvendo à população uma sensação de segurança, disse nessa terça-feira o general interventor Walter Braga Netto.
Em sua primeira entrevista no Rio após a intervenção, o interventor ainda não esclareceu todas as dúvidas da sociedade sobre a intervenção, tais como investimento, orçamento e detalhamento do planejamento do militares, mas prometeu ajudar na gestão das polícias locais, combater os casos de corrupção e melhorar a sensação de segurança no Estado.
Braga Netto declarou que a intervenção ajudará as polícias civil e militar a superarem gargalos e a melhorar sua gestão, em meio à falta de recursos e investimentos e equipamentos obsoletos, além da recorrente morte de agentes.
“Intervenção é um trabalho de gestão e vamos auxiliar muito na gestão da segurança pública”, disse Braga Netto em entrevista a jornalistas. “A intervenção é uma janela de oportunidade para segurança pública para se reestruturar, fortalecer e apoiar logisticamente a segurança do Rio para reduzir criminalidade e dar suporte à capacidade operativa do Rio”, acrescentou.
Um dos pontos citados pelo interventor foi o sucateamento das tropas locais, que contribui para o avanço da violência e da criminalidade no Estado ao longos dos últimos meses.
“A intervenção é gerencial e nosso objetivo é integrar e cooperar e, ao final, devolver a credibilidade e orgulho de ser policial”, disse o general interventor.
Os índices de criminalidade no Rio de Janeiro dispararam a partir de 2016, quando o Estado decretou calamidade financeira, e a violência entrou numa trajetória crescente que atingiu seu ápice neste início ano. Apenas em dois meses, mais de 20 agentes de segurança já morreram e houve cerca de 50 casos de balas perdidas, com várias mortes de crianças e adolescentes.
O general interventor afirmou que as Forças Armadas não pretendem fazer ocupação de favelas, nem acabar com a política de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). O combate aos desvios de conduta e à corrupção será uma das linhas de atuação do militares, acrescentou.
“A sistemática (das UPPs) vai ser mantida… mas vai haver um redirecionamento”, disse Braga Netto, antes de ressaltar que um estudo sobre as unidades está sendo aprofundado pelo novo secretário de Segurança do Estado, o também general Richard Fernandez Nunes.
“Queremos fortalecer as corregedorias e tomar todas as medidas necessárias para que o bom profissional seja valorizado e o mau penalizado”, afirmou o interventor em uma entrevista de apenas 25 minutos, na qual jornalistas não puderam fazer réplicas ou tréplicas às autoridades, e em que as perguntas tiverem que ser escritas antes da coletiva para que passassem por uma espécie de “pente fino”.
(Por Rodrigo Viga Gaier)