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Não há um movimento sequer para interromper Lava Jato, diz Temer

BRASÍLIA (Reuters) – O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira que não há qualquer articulação do governo para barrar o andamento de investigações da operação Lava Jato, num momento em que o governo cria o Ministério Extraordinário da Segurança Pública, ao qual a Polícia Federal passará a estar subordinada.

“Não volto neste assunto porque isso aí vem sendo tranquilamente levado a adiante. Não há um movimento sequer com vistas à interrupção (da operação)”, disse Temer, em rápida entrevista coletiva após a cerimônia de posse de Raul Jungmann no novo ministério.

Temer disse que a segurança pública tem por objetivo combater a criminalidade e citou o tráfico de drogas e a bandidagem em geral, além “evidentemente” da corrupção. Essa é uma das atribuições do novo ministério, mencionou.

A nova pasta da Segurança Pública vai abranger a Polícia Federal, órgão que conduz uma investigação contra o próprio presidente no chamado inquérito dos portos.

Na véspera, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, apresentou um pedido formal ao ministro Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), para impedir que o diretor-geral da PF, Fernando Segovia, se abstenha de fazer novas manifestações públicas a respeito do inquérito contra Temer, sob pena de cobrar o afastamento dele do cargo.

Em entrevista à Reuters há três semanas, Segovia disse não haver indício de crime na investigação contra o presidente, indicando tendência de que a corporação recomende o arquivamento. Ele também disse que o delegado do caso, Cleyber Malta Lopes, poderá ser investigado pelos questionamentos feitos a Temer, se a defesa do presidente apresentar uma queixa formal.

O caso gerou forte reação pública entre autoridades, em especial delegados da PF.

Segovia, que chegou a ir pessoalmente se explicar ao ministro Barroso e alegou ter sido mal interpretado na entrevista, esteve presente na cerimônia de posse do novo ministro da Segurança Pública. Abordado pela imprensa na saída do encontro, não quis se manifestar.

(Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu)

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