Em tempos de home office para quase todo mundo, a segurança cibernética de quem precisa usar suas redes domésticas e dispositivos particulares se mostra um risco às empresas. Foi detectado um aumento de 400% nos ataques de hackers ao redor do mundo desde que o confinamento e o isolamento sociais ganharam força. É o que aponta o diretor-presidente da Unisys no Brasil, Mauricio Cataneo.
“É preciso entender que a proteção dos dados não é muito diferente da proteção da saúde das pessoas”, disse. Mas há procedimentos e alternativas disponíveis.
Cataneo comenta que o problema sempre existiu, mas em um grau muito menor, o que permitia que as empresas conseguissem lidar com as ameaças. Agora as organizações perceberam que não têm mais como trabalhar de modo seguro. Estimativas do setor de segurança digital apontam que, em média, só 30% dos funcionários dos escritórios estão habilitados para atuar remotamente com smartphones e computadores portáteis protegidos por firewalls fornecidos pelo empregador. Como em muitos casos toda a força de trabalho foi deslocada, para evitar paralisações é preciso correr para ampliar as plataformas de acesso e a segurança.
“Raros departamentos de TI possuem infraestrutura para um tráfego de dados externo tão grande via Virtual Private Network (VPN)”, afirma Cataneo.
Uma das soluções encontradas é que os funcionários baixem programas de proteção adquiridos pelas empresas. Mas mesmo quem tiver acesso às defesas não está inteiramente garantido. É preciso evitar manter sites inseguros abertos e redes sociais durante as horas de expediente, pois é por onde entram os programas invasores.
Já dentro dos departamentos, as soluções passam pelo aumento da microssegmentação – onde o funcionário só tem acesso direto aos dados com que trabalha. Para evitar paralisações como as que eram comuns no passado, quando os sistemas “caíam”, a ferramenta é o isolamento dinâmico, que virtualmente separa a massa de dados alvo de alguma movimentação fora do padrão. A medida permite aos demais continuar trabalhando, evitando perda de faturamento. Tudo é uma questão de cuidado e alguma disciplina profissional.
“É preciso ter governança em segurança cibernética até em casa”, diz Cataneo. Enquanto isso, as empresas devem se manter alertas na outra ponta.