Deputados do partido Democrata dos EUA que integram a Comitê de Assuntos Tributários se posicionaram fortemente contra a expansão dos acordo comerciais com o Brasil “sob a liderança do presidente Jair Bolsonaro”, nesta queta-feira (3). O grupo enviou uma carta – disponível no site do comitê – ao representante comercial americano, Robert Lighthizer, onde listam suas queixas. De modo geral, afirmam que desde que assumiu o executivo brasileiro, Bolsonaro “tem desmantelado anos de progressos em direitos civis, humanos, ambientais e de trabalho nessa nação”.
“Nós nos opomos fortemente a buscar qualquer tipo de acordo comercial com o governo Bolsonaro no Brasil”, escreveram os representantes. Eles pediram que Lighthizer lide com ações agressivas usando as ferramentas de fiscalização dos EUA e atuando junto aos brasileiros. Eles citam descaso com comunidades marginalizadas, problemas ambientais e prática de trabalho escravo no campo.
“Esse tipo de desrespeito ativo aos direitos básicos dos trabalhadores e às normas trabalhistas deve desqualificar o Brasil de ser considerado um parceiro apropriado para uma parceria econômica mais estreita, muito menos liberalização comercial que comprometerá a competitividade, os salários e os direitos dos trabalhadores dos EUA”, escreveram.
São queixas justas no jogo da política, mas não necessariamente no campo da competitividade comercial. Tanto que eles citam que o país adota, sem citar quais, práticas comerciais desleais na área agrícola. O certo é que as exportações do agro são competitivas no mercado norte-americano, mesmo sem um acordo de abertura de tarifas – um desejo desse e de governos brasileiros anteriores.
Há uma boa dose de protecionismo nas entrelinhas da oposição dos democratas aos produtos brasileiras. Resta saber se a declaração trará algum prejuízo à balança comercial. É duvidoso que Trump vá abertamente contra a oposição Democrata por causa de Bolsonaro, diante da proximidade de sua campanha de reeleição. Quando chegou ao Planalto, Bolsonaro ampliou algumas cotas de importações americanas, mas não ganhou a devida compensação pela reciprocidade. E dificilmente ganhará algum apoio desta vez.