O dólar abriu em alta nesta sexta-feira, 14, após o presidente Jair Bolsonaro admitir que “existe a ideia de furar o teto” de gastos. A declaração vai na contramão dos planos de seu ministro da Economia, Paulo Guedes. Às 9h10, o dólar comercial subia 0,8% e era vendido por 5,410 reais.
“Uma hora o Bolsonaro assume que não vai furar o teto, na outra fala que pode ser que isso aconteça. Isso trás insegurança para o mercado”, afirma Jefferson Ruik, diretor de câmbio da Correparti.
Segundo Ruik, esse tipo discurso aumenta os temores sobre a saída de Guedes. “Há o risco de o Guedes se esgotar e pedir o chapéu e, hoje, ele e o presidente do BC (Roberto Campos Neto) são os pilares do governo. Se eles saírem pode acontecer coisas que é melhor nem pensar.”
Além das declarações de Bolsonaro, a revogação da prisão domiciliar de Fabrício Queiroz, ex-assessor do filho do presidente Flávio Bolsonaro, também aumenta a cautela entre os investidores, que receiam que uma delação premiada aumente a instabilidade política no país.
O cenário externo tampouco ajuda, com o mercado repercutindo negativamente os dados econômicos da China e da Europa.
Divulgado na noite de ontem, a produção da indústria chinesa teve crescimento anual de 4,8%, em julho, abaixo dos 5,1% esperado. Além disso, os dados de varejo evidenciaram, mais uma vez, a fraqueza da recuperação econômica da China, ficando 1,1% abaixo do mesmo período do ano passado.
Embora a China tenha se esforçado para manter o crescimento econômico por meio de investimentos em infraestrutura, o comércio local continua sofrendo os fortes impactos da pandemia.
Enquanto isso, na Zona do Euro, o PIB do segundo trimestre teve queda anual de 15%.
Por Guilherme Guilherme
Publicado originalmente em https://exame.com/mercados/dolar-abre-em-alta-de-olho-em-exterior-e-politica-local/