Ex-estrategista de campanha e ex-conselheiro do presidente Donald Trump, Steve Bannon foi preso na manhã desta quinta-feira (20), sob a suspeita de participação em um esquema fraudulento na arrecadação de fundos on-line. O objetivo seria a construção de um muro ao longo da fronteira sul dos Estados Unidos para evitar a entrada de imigrantes ilegais. Ele e outras três pessoas enganaram doadores que contribuíram para a campanha We Build The Wall (Nós Construímos o Muro). O muro era uma promessa de campanha Trump, mas o escândalo não está ligado ao presidente. O caso tramita em uma corte federal de Manhattan, na cidade de Nova York.
Os promotores alegam que Bannon e os demais levantaram US$ 25 milhões (R$ 140 milhões) sob a promessa que 100% dos recursos iriam para o projeto, que nunca saiu do chão. Pelo menos 500 mil doadores contribuíram com o suficiente para construir 160 quilômetros de muro. Porém, o grupo utilizou centenas de milhares de dólares para outros fins, o que caracterizaria crime. Para tantos, eles teriam falsificado recibos. “Enquanto asseguravam repetidamente aos doadores que Brian Kolfage, o fundador e rosto público de We Build the Wall, não receberia um centavo, os réus montaram secretamente um esquema para repassar centenas de milhares de dólares para Kolfage, que assim financiava seu estilo de vida luxuoso”, disse a procuradora Audrey Strauss, em comunicado do Departamento de Justiça.
De acordo com a denúncia da procuradoria federal de Nova York, Bannon recebeu mais de US$ 1 milhão vindo do fundo por meio de uma organização sem fins lucrativos chamada “Non-Profit-1”. Assim como para Kolfage, os promotores acreditam que parte desse montante foi usado para cobrir despesas pessoais Bannon. Além de fraude eletrônica, o ex-conselheiro de Trump também foi indiciado por conspiração para lavagem de dinheiro. Cada um dos crimes pode render uma pena de até 20 anos de prisão. Por audiência em videoconferência, Bannon se declarou inocente. O juiz Stewart D. Aaron concordou que ele fosse liberado sob uma fiança de US$ 5 milhões (R$ 27,77 milhões), o que ocorreu no final da tarde. Suas viagens estão restritas entre Nova York e Washington e ele não poderá usar barcos ou aviões privados sem permissão judicial.
Steve Bannon ganhou relevância na agressiva campanha política de Trump, em 2016, e, a partir de 2018, começou uma operação para unir os partidos políticos da direita populista e nacionalista europeia. Ele teve apoio do italiano Matteo Salvini, do húngaro Viktor Orbán e dos britânicos do pequeno UKIP (da sigla em inglês para Partido de Independência do Reino Unido), mas a iniciativa não vingou como desejado. Bannon também manteve contato com o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e atuou como conselheiro informal na campanha presidencial de Jair Bolsonaro, em 2018.