Em artigo publicado na edição deste domingo (6) do jornal O Estado de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardo (PSDB) fez uma autocrítica sobre o “instituto da reeleição” que garantiu a ele um segundo mandato. FHC escreve que na época – e ainda hoje – considerava quatro anos no Palácio do Planalto como pouco e imaginava um modelo como o norte-americano, que possibilita o prolongamento no cargo por mais um período. O tucano cita fatos da ocasião, como a proximidade de um pedido de socorro ao FMI e o apoio da população e do Congresso, mas reconhece o erro da mudança na Constituição que permitiu a reeleição. Para FHC, o ideal para o país seria um mandato presidencial de cinco anos. “Cabe aqui um ‘mea culpa’. Permiti, e por fim aceitei, o instituto da reeleição. Verdade que, ainda no primeiro mandato, fiz um discurso no Itamaraty anunciando que ‘as trevas’ se aproximavam: pediríamos socorro ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Não é desculpa. Sabia, e continuo pensando assim, que um mandato de quatro anos é pouco para ‘fazer algo’. Tinha em mente o que acontece nos Estados Unidos. Visto de hoje, entretanto, imaginar que os presidentes não farão o impossível para ganhar a reeleição é ingenuidade”, aponta. “Eu procurei me conter. Apesar disso, fui acusado de ‘haver comprado’ votos favoráveis à tese da reeleição no Congresso. De pouco vale desmentir e dizer que a maioria da população e do Congresso era favorável à minha reeleição: temiam a vitória… do Lula. Devo reconhecer que historicamente foi um erro: se quatro anos são insuficientes e seis parecem ser muito tempo, em vez de pedir que no quarto ano o eleitorado dê um voto de tipo ‘plebiscitário’, seria preferível termos um mandato de cinco anos e ponto final”, segue o artigo. “Acabar com o instituto da reeleição e, quem sabe, propor uma forma mais “distritalizada” de voto são mudanças a serem feitas. Esperemos”, completa o tucano.