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Trump, na reta final da apuração, lembra Figueiredo

Ao tentar prolongar judicialmente o processo eleitoral americano, Donald Trump pode estar embarcando numa jornada rocambolesca e perigosa. Trata-se de um comportamento que lembra o de um ex-presidente brasileiro, João Batista Figueiredo, ao fim de seu mandato.

Recordando: ao longo de 1984, o general preferiu afastar-se do processo que escolheria o candidato do PDS (na época, o partido do governo) de sua sucessão e viu o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, ser escolhido como o representante de sua agremiação. Figueiredo já não morria de amores por Maluf e por Tancredo Neves, o nome da oposição para concorrer à eleição indireta.

Como se sabe, Tancredo ganhou o pleito de 1985, decidido pelo Congresso, porque conseguiu atrair para seu lado nomes importantes do governo, como José Sarney e Antônio Carlos Magalhães. Sarney, inclusive, seria o seu vice na chapa do então PMDB. Figueiredo já não estava disposto a passar a faixa presidencial nem a Tancredo nem a Maluf. Mas quis o destino que o primeiro presidente civil desde 1964 morresse antes de tomar posse, colocando Sarney no papel de mandatário. E se havia um político que o general detestava mais que Maluf e Tancredo, esse alguém era o ex-governador do Maranhão. Figueiredo, então decidiu não passar a faixa para Sarney. Pegou um avião e foi embora para o Rio de Janeiro (este ato irascível lembra a atitude do atual presidente americano).

Mas, antes de deixar Brasília, mandou um recado: “Quero que me esqueçam”. A semelhança entre Trump e Figueiredo está na deselegância de encarar uma eventual derrota. Mas Trump, ao contrário do brasileiro, deve querer ficar na memória dos americanos por muito tempo. Portanto, não espere que Donald Trump recolha-se ao silêncio típico dos ex-presidentes, caso seu revés seja confirmado. Ele deve fazer muito barulho e, ao contrário de Figueiredo, pedir para que não seja esquecido.

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