Enquanto o governo federal continua sem um plano nacional de imunização contra a covid-19, perguntas sobre a operação logística precisam ser feitas antes da aprovação de qualquer vacina. O Brasil possui infraestruturas rodoviária e aeroportuária desiguais. Enquanto a Região Sudeste é mais preparada, Norte, Nordeste e Centro-Oeste carecem de vias seguras aos locais mais isolados. Além disso, há vacinas que precisam de ser refrigeradas a -70°C, enquanto outras podem ficar a entre 2°C e 8°C. São possibilidades muito diferentes e que necessitarão de soluções idem, algumas sob medida.
Para evitar falhas, desperdício de dinheiro público e mais vidas perdidas, será preciso convocar a iniciativa privada. “É necessário sentar e falar sobre o SUS com as empresas para encontrar formatos de entrega nas diferentes regiões. Não dá para ser arrogante neste momento”, afirmou a MONEY REPORT o engenheiro logístico Antonio Wrobleski, especializado em planejamento estratégico pela Universidade de Nova York, presidente do conselho de administração da Pathfind, conselheiro da BBM Logística e sócio da Awro.
Para Wrobleski, a falta de planejamento é o maior ponto fraco do Brasil: “Além da vacina, temos os insumos [seringas e agulhas]. Se eu tenho um produto desta complexidade que sairá em fevereiro de 2021, precisaria me preparar pelo menos desde novembro”, diz.
A entrega aos postos será apenas a parte visível de um processo mais complexo e longo. O engenheiro destaca que o transporte das vacinas tem características específicas, como uma refrigeração estável, o que pode encarecer e dificultar a distribuição, conforme a temperatura necessária. Enquanto os imunizantes da SinoVac e da Oxford/AstraZeneca podem se manter entre 2°C e 8°C, o da Pfizer precisa ser preservada a -70°C. Caminhões para transportes de alimentos podem chegar a até -25°C. “Existem poucas empresas com preparação para operações em temperaturas tão baixas. O plano de logística para o Brasil precisa de grandes armazéns como polos para atender armazéns menores até os postos de vacinação”, explicou. A matéria-prima é importada e modais aéreos e rodoviários precisarão ser utilizados também. “Se uma dessas coisas falharem, o imunizante é perdido”.
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