Movimento prevê um avanço significativo dos negócios na maior economia da África, o que ajudaria no enfrentamento da insegurança alimentar no continente
Os países africanos organizam aos poucos suas cadeias produtivas para melhorar a produção de alimentos de modo a tornar o continente menos dependente de importações e afastado do risco recorrente de epidemias de fome. Se trata de uma meta alcançável para o continente que possui 60% das terras aráveis não utilizadas do mundo. Um espaço mais do que suficiente para abastecer qualquer indústria alimentícia.
Por isso o acordo da brasileira JBS com o governo da Nigéria para a criação de seis fábricas para processamento de proteínas animais de aves, suínos e bovinos foi considerado A Tacada da semana de MR. A companhia assinou um memorando de entendimentos para investir, mediante de contrapartidas, em três processadoras avícolas, duas de bovinos e uma de suínos. O investimento é de graúdos US$ 2,5 bilhões.
O mercado a qual os brasileiros se aproximam justifica o tamanho do aporte. Maior economia da África e país mais populoso do continente, a Nigéria tem também uma das taxas de crescimento populacional mais altas do mundo. Segundo projeções das Nações Unidas, a população alcançará 400 milhões até 2050 – hoje são quase 250 milhões de habitantes. O PIB nigeriano, hoje em US$ 363,82 bilhões, poderá beira US$ 1 trilhão até 2050. Ao mesmo tempo, o país enfrenta uma das maiores taxas de insegurança alimentar do mundo, com 24,8 milhões de pessoas passando fome de modo recorrente e um ambiente de conflitos regionais alimentados por corrupção, radicalismos religiosos e desigualdades agudas. Na África Subsaariana, 76% da população em extrema pobreza vive da agricultura, sem acesso a insumos, adubos, sementes adequadas e tecnologias.
“Nosso objetivo é estabelecer uma parceria sólida e apoiar a Nigéria no enfrentamento da insegurança alimentar. A experiência nas regiões em que operamos ao redor do mundo mostra que o desenvolvimento de uma cadeia sustentável de produção de alimentos gera um ciclo virtuoso de progresso socioeconômico para a população, em especial nas camadas vulneráveis”, afirmou o CEO Global da JBS, Gilberto Tomazoni.
A JBS desenvolverá um plano de investimento de cinco anos, que abrangerá estudos de viabilidade, projetos preliminares das instalações, estimativas orçamentárias e um plano de ação para desenvolvimento das cadeias de suprimentos para cada tipo de proteína animal. O governo da Nigéria, por sua vez, assegurará as condições econômicas, sanitárias e regulatórias necessárias.
A produção de proteína na Nigéria responde por 10% do PIB, e fornece 40% da demanda doméstica. Ou seja, dá para crescer muito mais a um custo menor do que as importações, gerando empregos locais e apoiando milhões de pequenos produtores. O plano também abre oportunidades para a Nigéria exportar alimentos para países vizinhos, a preços mais acessíveis, o que ajudará a companhia dentro de novos mercados.