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A banalização do termo “genocídio”

Recebo uma mensagem do médico Claudio Lottenberg.

Destaco um trecho: “Tenho sido um crítico em relação a uma série de movimentos no atual cenário pandêmico e pautado por base científica. Discordo e vejo responsabilidade por vários dos atores em diversas esferas, mas comparar o cenário atual ao genocídio é banalizar páginas que sujam a história. A palavra “genocídio” é usada para fazer referência ao ato de extermínio sistemático de um grupo étnico ou a todo ato deliberado que tenha como objetivo acabar com um aspecto cultural fundamental de um povo. Não posso admitir comparar o incomparável e banalizar algo desta natureza”.

As palavras “genocídio” e “genocida”, de fato, são muito usadas hoje para caracterizar a gestão do governo no combate à pandemia ou a postura do presidente Jair Bolsonaro em relação ao tema. Vamos deixar essa discussão para outra oportunidade e dar atenção apenas ao uso inapropriado desses termos.

A comunidade judaica tem razão em se sentir incomodada com o uso indiscriminado dessa expressão, que foi cunhada em 1944 para definir o processo que dizimou seis milhões de judeus. Um advogado polonês, Raphael Lemkin, ao tentar achar uma palavra que definisse o que havia ocorrido sobre o nazismo combinou duas expressões: “geno”, que significa em grego “raça” ou “tribo” e “cídio”, do latim, cujo sentido é “matar”. Este substantivo, assim, nasceu para descrever o extermínio de milhões de judeus, sob condições desumanas, dentro de um contexto histórico tomado pela tirania, pelo terror e pelo ódio.

Por maior que seja a revolta surgida ao nos depararmos com quase 300 000 mortes de brasileiros no último ano em decorrência do coronavírus, o incômodo sentido pelos judeus é totalmente compreensível e deve ser escutado.

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