O trânsito que sofremos é um triste sinal das rodovias administradas pelo poder público
O trânsito nas nossas principais cidades está parado. Isso ocorre especialmente durante as horas de “rush” da manhã e da noite (aspas em torno desta palavra, já que ninguém está correndo em lugar nenhum, exceto ciclistas e patinadores, que são os que se movem mais rápido neste sistema). Com demasiada frequência, no entanto, esse período se estende das 7h às 19h, com quase nenhuma redução durante esse período.
As grandes cidades não são as únicas a sofrerem desse mal do transporte. Aqui está um exemplo: tente passar da 520 para a 405 no estado de Washington, perto de Seattle [poderia ser também a Marginal Tietê, em São Paulo, ou a Avenida Brasil, no Rio de Janeiro, por exemplo]. Há literalmente quilômetros de carros se arrastando, esperando pacientemente por sua vez.
As ações sem sucesso do governo
O que o governo, proprietário e administrador de nosso sistema de transporte veicular, tem feito para corrigir essa situação frustrante? Reclamou com a comunidade empresarial para escalonar as horas de trabalho; instou os motoristas a compartilharem carros ou pegarem ônibus. Mas sem sucesso. Não há nenhuma evidência de que essa pressão tenha tido algum sucesso.
Também criou faixas expressas cujo uso é limitado a veículos com dois ou mais ocupantes. Isso também falhou, pois, muitas vezes, também há engarrafamento nelas. Além disso, quem é mais importante para chegar aonde está indo? Cinco ajudantes de garçom ou faxineiras que ganham US$ 20 por hora cada, totalizando US$ 100 por hora, ou um médico ou empresário cujo tempo vale US$ 500 por hora? Nossas regras e regulamentos atuais viciam em favor dos primeiros, não dos últimos. Isso se deve ao fato de que as faixas expressas nas rodovias dão preferência aos automóveis com dois ou mais ocupantes. Os profissionais que recebem baixos salários se qualificariam, mas não o médico ou empresário citados. Eles ficariam confinados em uma das faixas de para-choque a para-choque, esfriando os calcanhares, enquanto os trabalhadores marginais passariam zunindo.
Isso me lembra a famosa declaração de Thomas Sowell: “É difícil imaginar uma maneira mais estúpida ou perigosa de tomar decisões do que colocá-las nas mãos de pessoas que não pagam nenhum preço por estarem erradas”. Quem está no comando deste atual sistema irracional? Burocratas do Departamento de Transportes.
Como a iniciativa privada lidaria com esse desafio?
Por favor, não pare de ler neste ponto, horrorizado com a ideia de que os empreendedores possam realmente possuir e administrar nosso sistema de ruas, estradas e rodovias. Nossas primeiras vias foram executadas neste sistema. As cobranças eram baseadas no número de eixos e cavalos. Até a largura da roda da carroça foi considerada no sistema de preços. Os proprietários de veículos de rodas finas, como patins de gelo, eram mais cobrados, pois cavavam sulcos na estrada de terra. E mesmo hoje em dia, os capitalistas administram coisas do tipo, como ferrovias.
Em primeiro lugar, sob o capitalismo, haveria competição. Os empreendedores que não conseguissem satisfazer os clientes tenderiam a ir à falência, deixando o campo para fornecedores mais eficientes, à la Sowell. Então, o que os proprietários privados fariam? Simples, aumentariam os preços e continuariam a fazê-lo, até que o tráfego mudasse durante os períodos de alta demanda; isso presumivelmente seria algo da ordem de 60 quilômetros por hora, a velocidade que maximiza o uso da estrada e, portanto, ceteris paribus, lucros.
Em outras palavras, os proprietários se espelhariam praticamente todas as outras indústrias sob o sol. Eles cobrariam preços de pico de uso, assim como hotéis, cinemas, estações de esqui etc.
E os pobres? Isso não seria injusto com eles? Eles teriam que dividir o carro, ou patrocinar os ônibus, ou usar ruas menos movimentadas em vez das rodovias. Eles seriam submetidos a horários de trabalho escalonados. Eles também ganhariam com o fato de que a economia seria muito mais eficiente em termos de transporte.
A única contribuição real feita pelo governo para a arteriosclerose do transporte resultou de sua reação à covid: fechou praticamente tudo. Com muito pouco tráfego na estrada, os automóveis se moviam mais devagar. Mas com essa doença agora, felizmente, no espelho retrovisor, essa “contribuição” não pode mais ser feita. O melhor caminho a seguir é a privatização.
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Por Walter Block
Publicado originalmente em: https://curt.link/vipWaWH