Fundo de investimentos Shelf 119, da gestora Quadra Capital, foi o vencedor do certame, com lance de R$ 106 milhões. Grupo já planeja próximos movimentos no mercado
O leilão bem-sucedido da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), realizado nesta quarta-feira (30) na B3, abre caminho para a privatização de outros portos públicos brasileiros. O certame, que incluiu os portos de Vitória e Barra do Riacho, no Espírito Santo, servirá de modelo para a transferência ao setor privado dos demais portos públicos. São sete companhas docas estatais, que administram 17 portos atualmente.
O fundo de investimentos Shelf 119 Multiestratégia, da gestora Quadra Capital, foi o vencedor do leilão, com lance de R$ 106 milhões. Além do valor da outorga, o fundo terá que adquirir as ações da Codesa pelo valor de R$ 326 milhões e efetuar pagamentos variáveis equivalentes a 7,5% das receitas da companhia ao longo dos 35 anos do contrato de concessão. A gestora de investimentos já planeja seus próximos movimentos no mercado.
Depois da desestatização da Codesa, a expectativa é que o governo federal lance editais para a venda dessas estatais e de outros portos públicos como o de Santos e São Sebastião, em São Paulo, e de Itajaí, em Santa Catarina. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que a Codesa investiu somente 29% dos recursos disponíveis no período de 2010 a 2021 – R$ 822 milhões dos R$ 2,9 bilhões autorizados. Em conjunto, as sete companhias federais deixaram de investir no mesmo período cerca de R$ 17,5 bilhões.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca que a concessão dos portos de Vitória e Barra do Riacho é o caminho para modernizar as operações de transporte nessas instalações, que deverão aumentar a movimentação anual de cargas de 7 para 14 milhões de toneladas. “A modernização das administrações portuárias é a parte da Lei dos Portos que ainda não avançou. Daí a importância das privatizações”, afirma. “Hoje, praticamente todos os terminais são operados pela iniciativa privada, mas as companhias docas são entes públicos, com problemas e ineficiências inerentes às empresas estatais”, acrescenta.