Dados do Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do governo federal, publicados pela Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (19), mostram que a máquina pública passa por um grande enxugamento ao longo dos últimos sete anos. O levantamento incluiu ministérios, fundações e agências reguladoras, além órgãos tradicionais como INSS, IBGE, Ibama e Incra. Hoje o Brasil conta com 208 mil servidores públicos estatutários. No auge, em 2007, eram 333,1 mil, com direito a estabilidade e planos de progressão automática em suas carreiras. O corte foi de 37,6%.
A diminuição se acentuou com a aprovação do teto de gastos, em 2015, e no governo Jair Bolsonaro (sem partido), que restringiu as contratações congelou os vencimentos dos servidores. Na média dos últimos três anos, apenas 11,6 mil novos servidores foram contratados, na menor taxa de reposição já registrada pelo painel. “A máquina federal foi obrigada a ganhar mais eficiência e a se informatizar, compensando a falta de pessoal em algumas áreas”, afirmou à Folha Cláudio Hamilton dos Santos, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que perdeu 30% dos servidores em sete anos.
Outras áreas importantes, como o Ibama (-40% funcionários em sete anos) e o INSS (-50%), no entanto, têm registrado gargalos. A fila de pedidos para aposentadoria e outros benefícios no INSS chega a 1,9 milhão de pessoas. O encolhimento da máquina acelerou durante a tramitação da reforma da Previdência, aprovada em 2019, e que levou a uma onda de aposentadorias. Nos últimos sete anos, o total de inativos saltou de 384,2 mil para 426,5 mil.
Somando-se os funcionários da máquina pública clássica e os das universidades e institutos técnicos, o Brasil tem hoje 477,8 mil servidores permanentes na ativa. Mesmo assim, eles são 10% menos do que há sete anos.
A única área do governo federal que cresceu no período, mas que não participa diretamente da máquina administrativa, é a das universidades e institutos técnicos federais.