O Banco Central anunciou nesta quinta-feira (20) duas medidas quem devem injetar cerca de R$ 135 bilhões na economia nos próximos meses. Uma delas trata da redução da alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos a prazo de 31% para 25%. A mudança representa uma liberação de R$ 49 bilhões, com efeito a partir de 16 de março. A outra iniciativa foi o aumento da parcela dos recolhimentos compulsórios considerados no LCR (Indicador de Liquidez de Curto Prazo), o que significa uma redução estimada em R$ 86 bilhões para as instituições carregarem outros ativos líquidos de alta qualidade (High Quality Liquid Assets – HQLA) necessários para o cumprimento do LCR.
Para Isabela Tavares, economista da Tendências Consultoria, as medidas têm o potencial de ampliar o volume de crédito ofertado na economia e de reduzir os juros dos financiamentos, diminuindo os custos operacionais dos bancos. “As alterações favorecem a redução dos juros bancários, haja vista os menores custos de captação das instituições para suprir o crédito que estava retido sem utilização”, apontou a economista. “Espera-se que os spreads bancários, tanto para a pessoa física quanto para a pessoa jurídica, sofram novas reduções ao longo do ano e, com isso, sejam capazes de aumentar a demanda por crédito, além dos investimentos na economia e o consumo das famílias”, acrescentou Isabela.
O economista Gustavo Bertotti, head de renda variável da Messem Investimentos, destacou que o efeito das medidas determinadas pelo BC deve ser semelhante à queda da taxa básica de juros (Selic). A avaliação dele é que os investimentos em renda fixa vão ficar ainda menos atrativos, impulsionando o mercado de capitais. “Tendo mais dinheiro em circulação, a tendência é que o credito seja estimulado e os investimentos passem a migrar para a renda variável, principalmente para a Bolsa de Valores”, afirmou. “As alterações são positivas e vêm no momento certo para o Brasil. Vão ajudar a sustentar as perspectivas de que o PIB do país cresça acima de 2% neste ano”, completou.