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“Não devemos contar com o governo”, diz presidente da Bemis

Há cerca de 15 anos vivendo no Brasil, o peruano Carlos Alberto Oliveira Santa Cruz já está familiarizado com os problemas do ambiente de negócios do país. Nessa entrevista a MONEY REPORT, Santa Cruz, que é presidente para América Latina da fabricante de embalagens Bemis, que tem 11 fábricas no Brasil,  fala sobre o desafio de superar a recessão e os entraves ao crescimento do PIB.

 

A Bemis já notou recuperação da economia nos negócios?

Sem dúvida, 2018 começa melhor do que 2017. Atingimos nossas metas para o primeiro trimestre e as perspectivas para o segundo são boas. Mas a grande pergunta é: já saímos da crise e o mercado está indo bem? Ainda não. Seria precipitado dizer que sim, especialmente porque, no pré-crise, o crescimento foi muito forte. Para retomar o nível anterior precisaremos de dois ou três anos.

O que foi feito durante a crise para manter a rentabilidade?

Investimos em produtividade. Reavaliamos nossos processos e sistemas. Investimos nas fábricas. Compramos nossas máquinas, já que as anteriores tinham 20, 30 anos. Nos últimos três anos, investimos quase R$ 200 milhões nas fábricas. Isso nos ajudou a reduzir o número de fábricas de 13 para 11, o que trouxe um ganho de produtividade importante. E, além disso, nesse ano começamos a revisar os processos de supply chain, incluindo revisão de processos e tecnologia.

 

Quais serão os impactos das novas tecnologias digitais na indústria quando elas se desenvolverem plenamente?

Já está provocando muitos impactos no dia a dia. O smartphone mudou a vida de todas as pessoas. Cada vez mais teremos que ser reativos, visionários e transformar essa visão em execução a uma velocidade muito rápida.

 

O que o país deve fazer para aumentar a produtividade?

Acho que a crise trouxe um grande aprendizado. Na pré-crise, a maioria das empresas investiu muito em contratação de mão de obra para compensar a falta de equipamentos e sistemas modernos. E contratamos uma mão de obra que não é a mais qualificada. Enquanto isso, países da Ásia investiram em novas tecnologias, sistemas e processos modernos. Nós ficamos para trás. Precisamos alcançar os países que tomaram a dianteira no processo tecnológico. Como líderes empresariais, não podemos esperar que o governo vai resolver nossos problemas. Temos que ser donos do nosso destino. E, para isso, temos que investir muito em produtividade.

E quanto ao ambiente de negócios? Quais os gargalos?

Diria que não podemos esperar por políticas de governo que vão facilitar nossa vida. É uma mudança cultural que precisa acontecer. As empresas precisam andar com as próprias pernas. Agora, o que esperamos são avanços institucionais, que beneficiem todos. Nesse sentido, três pontos precisam ser melhorados. O primeiro é insegurança jurídica. Os investidores precisam de mais segurança jurídica. Um investidor que já está no país vai continuar investindo porque conhece o país e porque seria muito caro fechar tudo e ir embora. Mas um investidor novo hoje teria que ter um perfil muito agressivo para investir aqui. Além disso, temos a complexidade tributária. E, por último, a infraestrutura, que é muito carente. O ponto positivo foi a reforma trabalhista, que representou um grande avanço.

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