Em entrevista a MONEY REPORT, Julian Thomas, presidente da Hamburg Süd, multinacional alemã transportadora de contêineres, fala sobre o debate eleitoral e sobre as consolidações no setor em que atua. No ano passado, o Hamburg Süd foi comprada pela rival dinamarquesa Maersk.
Para quais problemas do ambiente de negócios os candidatos a presidente precisam apresentar soluções?
Pensando no longo prazo, previdência e educação. Esses são dois dos maiores desafios do país. Eu poderia citar infraestrutura, mas se o Estado não fizer a reforma da previdência, não terá recursos para investir na melhoria da infraestrutura.
E quais os temas em geral?
Segurança pública e corrupção, claro. Mas a discussão não pode ser feita ao estilo “nós versus eles”. Vejo pré-candidatos defendendo divisões. Tenho horror a isso, pois não agrega nada ao debate.
Deu para notar o efeito de reformas como a trabalhista?
Sim. Já notamos diminuição no número de ações com pedidos esdrúxulos. Isso é importante para segurança jurídica das empresas. Permitir jornada de trabalho parcial e a terceirização também já produzem efeitos positivos na produtividade. Do ponto de vista da agenda de reformas, diria que foi uma pena o que aconteceu com o presidente Temer, que perdeu apoio. O governo estava num caminho muito bom, importante para a retomada de crescimento econômico.
A indústria de transporte de contêiner passa por muitas consolidações e a Hamburg Süd foi comprada pela Maersk. Essa maior concentração não pode ser ruim para os clientes?
Não acho. A consolidação é um processo natural para o setor. Da lista de 20 maiores players do setor há dez anos, hoje devem restar sete. No futuro, eu diria que vão sobrar três. Trata-se de um setor que exige alto investimento em capital, como indústria de celulose e mineração. Se um player aumentar o preço o outro pode ganhar mercado. Não vejo risco de oligopólio porque o setor é vigiado. Se empresas se juntarem, será fácil identificar e as punições são severas. Eu acredito que os ganhos de escala com as fusões serão repassados aos clientes.