Winston Churchill é um dos maiores símbolos do liberalismo e autor de frases inesquecíveis sobre o Estado de Direito e a Democracia – três dos pilares editoriais de Money Report. Mas, nesta semana, ele é o nosso CEO Improvável por outras qualidades. Principalmente por sua coragem, liderança e capacidade de traçar estratégias. Foi assim que liderou os aliados na Segunda Guerra Mundial e conseguiu o que parecia impossível no início da Segunda Guerra Mundial: derrotar o Nazismo.
Hoje, com a retomada do liberalismo, Churchill ganhou uma aura de líder que beirava a perfeição. Alguém infalível e fadado ao sucesso constante. Mas mesmo ele era sujeito a falhas e imperfeições. Uma delas: tinha um comportamento em relação aos indianos que beirava o racismo. Se referia a Mahatma Gandhi, o líder da revolta pacífica da Índia contra a Inglaterra, como o “seminu”, e via o discurso dele – hoje também venerado por multidões – como uma baboseira. A razão é que ele se sentia confortável como poucos no meio de um conflito armado. Era um estrategista militar excepcional e perspicaz.
Antes da Segunda Guerra, foi uma voz solitária na Inglaterra ao pregar que Adolf Hitler tinha intenções de invadir inúmeros países europeus e vingar a derrota imposta em 1918 (de fato, a compensação financeira exigida pelos aliados quebrara as finanças germânicas e foi um dos fatores que possibilitou a ascensão do Nazismo).
Uma das principais características de um CEO de primeira é antever os movimentos dos adversários e enxergar aquilo que os demais não veem. Foi assim com Hitler. O então Primeiro Ministro da Grã-Bretanha, Neville Chamberlain, esteve com o chanceler alemão duas vezes e saiu das conversas convencido de que Hitler queria apenas retomar as terras que foram retiradas da Alemanha e incorporadas à então Tchecoslováquia. E convenceu outras nações a patrocinar o intento de Hitler e devolver aos germânicos as terras anexadas pelos tchecos.
Churchill nunca acreditou em Hitler e considerava Chamberlain um político frouxo e vaidoso. No fundo, sabia que o rival político não queria enxergar o que estava à frente: que Hitler era um maníaco genocida e que iria guerrear contra o resto da Europa, com exceção da Itália. Pior: via que Chamberlain queria acreditar no alemão.
Quando a Alemanha descumpriu sua parte no acordo e invadiu a Polônia, a guerra se tornou inevitável. E Churchill foi o nome de consenso para liderar a Inglaterra e os aliados europeus. É seu crédito a adesão da União Soviética – com um empurrãozinho de Hitler, é verdade – aos aliados. Em seu famoso discurso para a Câmara dos Lordes, empolgou os parlamentares com essas palavras: “Nós defenderemos nossa ilha, qualquer que seja o custo, lutaremos nas praias, lutaremos nos terrenos de desembarque, lutaremos nos campos e nas ruas, lutaremos nas montanhas; nunca nos renderemos”.
Para ganhar o conflito, foi implacável e enérgico. Quando os alemães tomaram Paris, por exemplo, sua primeira decisão foi bombardear a frota francesa – aliada dos ingleses – para impedir que fosse anexada ao poderio bélico teutônico.
Após o bombardeio de Pearl Harbor, com a entrada dos Estados Unidos no conflito, foi a peça fundamental para equilibrar inimigos históricos como EUA e União Soviética e pode ser considerado o verdadeiro cérebro por trás da vitória aliada. Sobre o combate militar, Churchill dizia: “Na guerra, você só pode ser morto uma vez, mas na política, muitas vezes”. E, de fato, foi atingido em cheio na primeira eleição após a Segunda Guerra. Apesar de ser reconhecido como o maior responsável pelo sucesso dos aliados, perdeu o pleito de 1945. Sua proposta liberal foi derrotada pela campanha trabalhista, que prometia o ombro amigo do Estado aos veteranos de guerra.
Churchill só voltaria ao poder em 1951 e serviria de mentor para uma jovem rainha Elizabeth, que assumira seu reinado em 1952, aos 26 anos de idade. Morreu aos 90 anos, em 1965. Tinha ideias sólidas. Mas não era intransigente: possuía uma curiosidade intelectual tão grande que era um apaixonado pelo debate. E mudava de ideia sempre que era convencido. Como um bom CEO, era teimoso em seus princípios, mas não se apegava a nenhuma ideia em particular. Por isso, é surpreendente que alguém tão identificado com o conservadorismo tenha dito a seguinte frase: “Melhorar é mudar; ser perfeito é mudar frequentemente”. Algo extremamente sábio – e que ganha mais força quando se pensa que o autor é alguém nascido em 1874.
Uma resposta
Quer dizer que foi Churchil que venceu o nazismo, não os milhões de russos mortos para derrotar Hitler?