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Por que o governo precisa importar, vender e tabelar arroz?

A tragédia climática que se abateu sobre o Rio Grande Sul é uma das maiores da história recente da humanidade. O saldo negativo não se resume apenas no número expressivo de vidas perdidas ou de pessoas desabrigadas. A economia regional vai levar um tempo razoável para se reerguer e a reconstrução do estado vai precisar de muitos recursos financeiros, além de bastante afinco. Neste cenário, destacou-se a enorme solidariedade dos brasileiros, que se uniram para um mutirão poucas vezes visto no país.

Uma das preocupações que surgiram no day after das inundações foi o abastecimento de arroz. Afinal, o Rio Grande do Sul é responsável por 70% do consumo interno do produto. Em reação a esse temor, os consumidores trataram de fomentar estoques particulares, esvaziando as prateleiras e provocando a elevação de preços.

Esse movimento mexeu com os ânimos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com um estado de espírito oscilando entre o “nervoso” e “um pouco irritado”, ele resolveu liberar uma verba de R$ 6,7 bilhões à Companhia Nacional de Abastecimento para a importação de arroz. Mas o governo não ficou por aqui: resolveu distribuir o alimento, embalá-lo com sua logomarca e tabelar seu preço de venda ao consumidor.

A primeira pergunta – óbvia, diga-se de passagem – que deve ser feita é: por que o governo precisa vender arroz ao consumidor?

Existem inúmeros agentes privados que podem fazer isso, com maior preparo e competência. Mas esse é um fenômeno ligado às esquerdas: o Estado precisa se meter em tudo, incluindo tarefas para as quais não está preparado.

A decisão do Executivo parece ser uma ação de marketing – e, no fundo, é. Além de liberar recursos para a importação, o governo também zerou as alíquotas para trazer essa commodity do exterior. Assim, o preço final ficará abaixo daquele que se pratica no mercado – em média, R$ 5, podendo chegar a R$ 6, dependendo da região.

Vender arroz com a própria marca e a um preço tabelado e menor que a média do mercado parece ser uma medida de cunho social. Mas, na prática, é demagogia pura, pois quer passar a mensagem de que os produtos ofertados pelo Estado são mais baratos (ainda que isso ocorra por conta de artificialismos).

Mas o que está ruim pode ficar pior.

Segundo todos os especialistas em agronegócio, não há nenhum risco de desabastecimento de arroz no Brasil. Os produtores já colheram mais de 80% da safra, e apontaram um excedente de 600.000 toneladas em relação ao que foi obtido em 2023. Essa produção estaria estocada e a salvo das recentes intempéries climáticas. Portanto, Lula foi precipitado em suas atitudes. Ainda por cima, pode prejudicar os agricultores gaúchos, já que suas etiquetas emitidas no Rio Grande do Sul serão mais altas que as do governo federal.

No bojo dessa trapalhada, haverá uma vítima colateral: o Movimento dos Sem-Terra. Ocorre que o MST é o maior produtor de arroz orgânico do país, com unidades agrícolas concentradas principalmente no Rio Grande do Sul. Vai também sofrer com a concorrência do produto que chegará às gôndolas com a marca da administração petista.

É de se esperar que, em meio a uma tragédia, o governo queira importar matéria-prima para evitar escassez de produtos. Mas a tomar a decisão de distribuir, tabelar e marquetear um determinado produto mostra que existe uma ideia fixa de intervir no mercado e, talvez, voltar ao passado.

Será que essa é apenas uma ação isolada ou um balão de ensaio para se criar uma estatal que venda alimentos a preços tabelados? Vamos torcer fervorosamente para que a primeira hipótese seja aquela que vai vingar.

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