A presidente do PT, Gleisi Hoffman, tem levantado a crista nos últimos tempos. Em seus petardos via Twitter, ela tem dois alvos favoritos: o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seu colega de partido. Há dois motivos para as explosões de Gleisi. Uma é de ordem partidária. O trabalho de Campos e de Haddad impedem que o PT tenha carta branca na condução da política econômica. Mas há um fator que explica mais facilmente o salto alto da dirigente petista (e de outros filiados à mesma agremiação): a arrogância.
Se voltarmos no tempo e nos lembrarmos dos primeiros meses do governo de Jair Bolsonaro, veremos que a coisa não era tão diferente. O alvo, no entanto, era diferente, pois o presidente mirava no PT sempre que podia, assim como seus principais assessores. E tinham uma resposta na ponta da língua, para eventuais críticas: “E o PT?” (essa lacrada foi recuperada nos últimos tempos com o episódio das joias sauditas).
A arrogância é um comportamento típico do vencedor, que desfila em frente aos vencidos com o nariz em pé. Mas, muitas vezes, uma pessoa arrogante pode tomar uma invertida. Veja o que aconteceu quando o banco HSBC comprou o CCF. As operações brasileiras foram evidentemente incluídas na transação – e os executivos do banco inglês foram tomar posse de sua conquista, fazendo várias visitas ao prédio da instituição que fora adquirida.
Um importante executivo do HSBC no país, então, fazia sua terceira visita ao CCF e passeava pelos corredores. Um executivo da instituição francesa o abordou e se apresentou, dizendo que gostaria de falar sobre o seu trabalho ao novo chefe. Seguiu-se, então o seguinte diálogo:
– Enfim, gostaria de apresentar a minha área e o que fizemos neste ano para você…
– Você tem um minuto.
– Um minuto?
– Sim.
– Bem, nesse espaço de tempo, eu só consigo falar uma coisa.
– O quê?
– Vai para a p… que pariu!
E saiu pisando forte. Sem o emprego. Mas com a alma lavada.
Já imaginou se uma cena assim ocorresse na cena política?