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A distância entre 2022 e 1980 é a mesma que separa 1980 de 1938

Um meme que entrou na moda recentemente diz o seguinte: “Estou assustado. A distância entre 2022 e 1980 é a mesma que separa 1980 de 1938”. Confesso que também fiquei aterrorizado ao ler essa frase. Forcei-me a fazer uma conta para constatar que aquela era a pura verdade. Para algumas pessoas, como eu, o ano de 1980 parece ter ocorrido pouco tempo atrás. Mas os números são implacáveis: no calendário, se passaram 42 anos. E, de fato, a Terra girou 42 vezes ao redor do Sol entre 1938 e 1980. Quando eu penso com a minha cabeça de adolescente em 1980, percebo o quanto 1938 parecia longe para mim naquela época.

Aquele adolescente de 42 anos atrás via 1938 como o último estágio de paz na Europa, antes da Segunda Guerra Mundial. No rádio, as músicas mais tocadas eram “As Pastorinhas”, com Silvio Monteiro, e “Na Baixa do Sapateiro”, com Carmem Miranda. Nos Estados Unidos, as grandes bandas estavam em moda, com Benny Goodman, Duke Ellington e Tommy Dorsey. O maior cantor da época? Bing Crosby, também uma estrela de Hollywood. Falando em Hollywood, foi o ano em que “O Mágico de Oz” foi produzido e que Betty Davis ganhou o Oscar por “Jezebel”.

Para aqueles que são cinquentões, como eu, esses destaques artísticos são uma velharia atroz. Mas, e em 1980?

As estações de rádio tocavam sem parar “Balancê”, de Gal Costa e “Another Brick in the Wall”, da banda Pink Floyd. As maiores bilheterias do cinema foram “O Império Contra-Ataca”, “Como Eliminar seu Chefe” e o primeiro episódio da saga “Sexta-Feira 13” (a franquia está em sua décima-segunda película). Foi um ano marcado pela tragédia: em 8 de dezembro, John Lennon foi assassinado com um tiro em frente ao prédio Dakota, onde morava em Nova York. Três semanas antes, Lennon e Yoko Ono (imagem) tinham lançado o álbum “Double Fantasy”.

Curiosamente, eu deveria me sentir um idoso ao constatar que os anos 1980 estão vivos em minha memória, apesar de distantes. Mas encaro esse passado sem saudosismo – e abraçando as transformações deste Século 21 sem amargura ou ressentimento. Talvez essa seja uma lição importante que aprendemos depois de muita experiência: não adianta se irritar com as novidades que vão enterrando aos poucos o mundo que você conhecia tão bem e no qual se sentia tão confortável. Em vez da irritação ou da frustração, tente a curiosidade e a capacidade de compreensão das mudanças. Ao abraçar o novo, nos manteremos jovens. Mesmo que a cor de nossos cabelos diga o contrário.

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