Quando você estiver parado em semáforo (chamado de “farol” em São Paulo, “sinal” no Rio de Janeiro e “sinaleira” no Paraná), olhe ao seu redor. A chance de ver apenas automóveis nas cores preta, cinza e branca é gigantesca. Parece uma questão do tipo “o ovo ou a galinha”: não se sabe se os fabricantes só fabricam carros com essas cores porque é isso que desejam os consumidores ou se as pessoas só compram essas cores pois são as únicas disponíveis.
Para acabar com a mesmice, a Fiat italiana anunciou há duas semanas que está banindo a cor cinza (e seus congêneres, como prata, grafite e chumbo) de suas linhas de produção. A ideia da empresa é se diferenciar da concorrência e, ao mesmo tempo, se aproximar mais do espírito italiano. Tudo começa agora com o lançamento do elétrico 600e. Depois, aos poucos, os demais modelos só serão vendidos em cores que remetam ao céu, sol, terra e mar.
Em um comercial rodado em Lerici, na região da Ligúria, o CEO da Fiat, Olivier François, diz que o cinza vende bem e vende em todo o mundo. Mas, afirma que na Itália, as coisas são diferentes. “A Itália é alegria, amor, paixão, otimismo, vida… o que o cinza tem a ver com isso?”, pergunta François. “Nada! O mundo não precisa de outro carro cinza. Então, vamos mudar as regras. A partir de hoje, na Fiat, não há mais cinza”.
Será que a concorrência virá atrás?
Lembro das ruas brasileiras que vi em minha infância, adolescência e juventude. Até os anos 1990, os carros tinham múltiplas cores. Eram pretos os veículos oficiais e brancas as ambulâncias (e os táxis paulistanos). Cinza, prateado, grafite e chumbo eram cores raríssimas e praticamente não se via nas avenidas.
Na minha família, tivemos de várias cores: azul, bordô, vermelho e gelo. Falando em carros cor de gelo (uma espécie de percussor do nude) havia um trote telefônico popular (e de humor altamente infame) entre as crianças da época. A pessoa atendia o telefone e havia o seguinte diálogo:
– Alô.
– Alô. Por favor, pode informar se tem um fusca gelo em frente à sua casa?
– Um momento, vou verificar.
(A vítima do trote volta)
– Alô, não tem nenhum fusca gelo aqui em frente.
– Ah, então ele derreteu…
Minha mãe foi vítima desse trote, mas o estragou, pois… ela tinha um fusca cor de gelo.
Caso as demais montadores resolvam seguir o exemplo da Fiat vão modificar a paisagem urbana e torná-la mais alegre. Confesso que ficarei confuso se for trocar de carro e tiver de escolher entre o verde, azul e amarelo. Aliás, as cores dos carros sempre têm um nome esquisito. Veja o caso da própria Fiat: azul Portofino, verde Savage e amarelo Citrus.
Como será que vão batizar as cores inventadas no Século 21?
Como inspiração, aqui vai uma lista de nomes utilizados dos anos 1950 à década de 1980: Azul Tramandaí, Verde Petrópolis, Azul Itapuã, Bege Camboriú, Vermelho Saturno, Amarelo Limão, Verde Menta, Super Verde, Azul Danúbio, Vermelho Bonanza, Amarelo Manga, Laranja Monza, Azul Pavão, Azul Atlas e Verde Amazonas.
Gostou? Escolha, então, a cor do seu próximo carrro!
Uma resposta
azul calcinha