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A onipresença de Donald Trump no noticiário

Desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos há cerca de 45 dias, Donald Trump dominou a cena mundial. Para onde quer que se vá, ele é o assunto principal das conversas. E são vários assuntos que surgem através da menção de seu nome: as tarifas do comércio internacional, o golfo do México, o balneário de luxo na Faixa de Gaza, a discussão com o presidente da Ucrânia no Salão Oval, a ideia de absorver o Canadá (chamando de quebra o primeiro-ministro Justin Trudeau de “governador”) ao território americano, os comentários de que a Europa se aproveita dos americanos e muitos outros factoides.

Ontem, os três principais jornais brasileiros reservaram um espaço razoável à cobertura de Trump ou de medidas adotadas pelo governo dos EUA.

 Na Folha de S. Paulo, por exemplo, tivemos 13 chamadas de primeira página, das quais cinco foram sobre o presidente americano. Na página dupla de opinião, havia seis artigos, dos quais quatro tinham como tema Trump. Na seção “Mercado”, o mesmo ocorreu em seis dos 14 artigos publicados. E, na editoria “Mundo”, todas as seis matérias batiam nesta mesma tecla.

O “Estado de S. Paulo” não ficou atrás: sete das 14 chamadas de capa falavam do titular da Casa Branca. Um dos dois editoriais era sobre o republicano, o mesmo acontecendo com cinco das nove reportagens econômicas. E, na página dedicada a assuntos internacionais, Trump era o destaque dos dois únicos textos.

Por fim, o “Globo” também falou muito de Donald Trump, com cinco de suas 13 manchetes. Entre seus editoriais, reservou um dos dois artigos publicados ao republicano. Ele foi o tema de seis textos da seção de economia (dez no total) e monopolizou a editoria “Mundo” (cinco matérias).  

O teor dessa cobertura está longe de ser simpático ao presidente americano. Seu estilo agressivo tem incomodado a grande imprensa internacional, que vem tecendo críticas à estratégia de atirar antes e perguntar depois. Neste embalo, ele acabou prejudicando alianças de longa data, como as que envolvem União Europeia, Canadá e México.

Trump está convencido que não há outra alternativa aos demais países a não ser curvar-se à vontade da Casa Branca. E a recente capitulação da Ucrânia talvez seja um sinal de que ele, no fundo, está certo. Mas há países europeus – e mesmo o Canadá – que não parecem estar dispostos a aceitar as cutucadas americanas e baixar a cabeça.

Os Estados Unidos, durante muito tempo, tentaram passar uma imagem de árbitro mundial e aceitaram algumas perdas comerciais neste processo – sem contar que aceitaram passivamente a ascensão chinesa sem investir em sua produtividade ou competitividade. Os EUA simplesmente compraram a ideia de que a China era a melhor alternativa para produzir manufaturados e assistiram uma infinidade de empresas fechando fábricas americanas e terceirizando sua produção para fornecedores chineses.

Com a volta de Trump, porém, os EUA passaram a se preocupar com sua própria economia antes de mais nada – e não se pode culpá-los por isso, por pior que sejam as consequências que podem sacurdir o mercado internacional. O problema é o jeito que Trump está usando para atingir seus objetivos, que pode gerar feridas que dificilmente serão curadas no curto prazo.

Para tornar tudo mais complicado, a Casa Branca está usando uma única estratégia para todos os países que têm restrições comerciais aos americanos ou geram muito superávit de exportações junto aos EUA. No mundo de hoje, dificilmente todos os países precisam ser tratados da mesma forma.

Muitos acham que esse é um estilo de negociação, tornando os primeiros instantes desconfortáveis para obter maior colaboração dos adversários à medida que as conversas avançam. Isso pode dar certo, mas é uma aposta arriscada. Os demais países podem engolir um ou outro desconforto – mas há quem possa enxergar este método como ultrajante e injurioso, criando barreiras e sanções de longo prazo. Neste caso, toda a movimentação americana pode não gerar muitos empregos internos e apenas criar inflação mundial.

Neste meio-tempo, Trump domina tanto o noticiário que pode sofrer os efeitos maléficos de uma superexposição. O presidente americano, assim, corre o risco de perder popularidade logo no início do mandato, algo raríssimo na história americana. Mas, se obtiver resultados positivos nos próximos meses, pode se tornar o mandatário mais celebrado dos últimos anos. A aposta já foi feita. Resta agora ver quais são as verdadeiras cartas que Trump está segurando nas mãos.

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