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A quantidade de moradores de rua em São Paulo preocupa

Um assunto que parece ser pouco discutido pela classe média e pelas elites é a quantidade enorme de moradores de rua em São Paulo – fenômeno que também assola outras cidades brasileiras. Nos bairros de classe média, há um aumento perceptível a olho nu. No centro da cidade, porém, o volume de pessoas sem-teto é assustador. Nas calçadas, há desde famílias inteiras a refugiados, passando por dependentes químicos e desajustados.

Segundo dados da Prefeitura de São Paulo, há 31 884 pessoas vivendo nas ruas da cidade. Em 2019, eram 24 344 – ou seja, houve um aumento de 31 %. Como essas informações são de janeiro deste ano, é muito provável que os números estejam defasados. Para se ter uma ideia de quanto esse volume significa: esses 7 540 seres humanos que perderam suas moradias entre 2019 e 2022 equivalem ao total da população em situação de rua no Rio de Janeiro em 2020.

O poder público parece ser incapaz de resolver esse quadro, que cresce desordenadamente e requer mais recursos que os orçamentos do Estado podem proporcionar. É hora, portanto, de a iniciativa privada entrar em campo e ajudar as autoridades a mitigar essa questão. Não podemos, em pleno Século 21, testemunhar tanta gente vivendo em condições sub-humanas.

Temos técnicos altamente capacitados na Prefeitura e no Governo Estadual. Mas eles não contam com verbas. Por isso, a sociedade civil precisa se organizar e encontrar soluções para o problema. Um exemplo a ser seguido é o projeto Arcah (imagem), que acolhe pessoas que moram nas ruas e nas favelas e as capacita durante 15 semanas para trabalhar em hortas orgânicas. Nessas plantações, elas cultivam, colhem e vendem hortaliças, legumes, temperos e saladas para supermercados, restaurantes e residências. Há inclusive um fundo de investimento, também batizado de Arcah, que destina seus lucros para o projeto (já são 3 000 indivíduos atendidos).

Esta é apenas uma das saídas criativas para o problema. Se pensarmos juntos, surgirão dezenas de outras iniciativas. O que não podemos mais fazer é olhar para o lado e fingir que esse problema, que atinge tantas pessoas, não existe.

O cantor Phil Collins, que recentemente anunciou que não mais fará shows por conta de sua saúde debilitada, abordou esse problema em uma canção muito conhecida mundialmente (ele é um dos maiores nomes da rock internacional, tanto em carreira solo como vocalista da banda Genesis). A canção é de 1989 e se chama “Another Day in Paradise”. Aos ouvintes mais distraídos, por conta de um riff de piano que gruda no ouvido, parece ser uma canção de amor. Mas trata exatamente deste problema.

Todos nós, sem exceção, já nos comportamos como o homem que está na rua (como Collins canta) e ouve um pedido de ajuda vindo de algum morador de rua:

“She calls out to the man on the street (Ela chama o homem que passa na rua)

‘Sir, can you help me? (‘O senhor pode me ajudar?)

It’s cold and I’ve nowhere to sleep (Está frio e não tenho onde dormir)

Is there somewhere you can tell me?’ (Você pode me indicar algum lugar para ficar?”)

He walks on, doesn’t look back (Ele vai em frente, não olha para trãs)

He pretends he can’t hear her (Ele finge não ouvi-la)

Starts to whistle as he crosses the street (Começa a assobiar enquanto atravessa a rua)

Seems embarrassed to be there (Parece estar envergonhado de estar lá)

Oh, think twice, ‘cause it’s another day for you and me in paradise (Pense duas vezes; é apenas outro dia para mim e para você no paraíso)

Oh, think twice, ‘cause it’s another day for you (Pense duas vezes; porque é apenas um dia a mais)

You and me in paradise (Você e eu no paraíso)

Think about it (Pense a respeito)

She calls out to the man on the street (Ela chama o homem que passa na rua)

He can see she’s been crying (Ele pode ver que ela andou chorando)

She’s got blisters on the soles of her feet (Ela tem bolhas nas solas dos pés)

She can’t walk but she’s trying (Nâo consegue andar, mas está tentanto)

(Refrão)

Oh Lord, is there nothing more anybody can do? (Meu Deus, não há mais nada que possamos fazer?)

Oh Lord, there must be something you can say (Meu Deus, deve haver alguma coisa que você possa dizer)

You can tell from the lines on her face (Você pod ever pelas linhas que marcam seu rosto)

You can see that she’s been there (Você pode ver por onde ela andou)

Probably been moved on from every place (Talvez tenha sido expulsa de todos os lugares que ficou)

‘Cause she didn’t fit in there (Porque ela não se encaixava na paisagem)

(Refrão)

Não podemos mais ficar quietos diante dessa situação. Precisamos fazer alguma coisa. Aceito sugestões. Mas vou começar hoje a doar mensalmente uma quantia para o projeto Arcah. E que surjam outras iniciativas rapidamente. Proponho a criação de um grupo que possa contribuir com ideias e, se tudo der certo, com recursos. Interessado? Escreva para aluizio@ moneyreport.com.br.

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