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A sinuca de bico em que se encontra Fernando Haddad

Quando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, devolveu ao Executivo a medida provisória que restringia a compensação de PIS e Cofins deixou o ministro Fernando Haddad em uma tremenda sinuca de bico. De um lado, impediu que o governo recuperasse as perdas de arrecadação com a continuidade da desoneração, criando um rombo fiscal nas contas públicas; de outro, deixou bem clara a fragilidade de Haddad no momento atual.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, irritadíssimo com a situação, fez uma reunião na qual disse que qualquer mecanismo de compensação em relação à desoneração teria de ter sido negociado antecipadamente. Lula não é um entusiasta da responsabilidade fiscal, mas percebeu o tamanho da encrenca que a MP havia causado quando houve uma gritaria generalizada por parte dos empresários. Afinal, o presidente é um fã dos gastos públicos, mas não quer se desgastar politicamente.

Por isso, o líder do governo no Senado, Jacques Wagner, disse que Lula “não estava confortável” com a situação. Além disso, o senador elogiou Pacheco: “Vossa Excelência, com a sua tranquilidade, com o seu jeito negocial, em vez de recolher qualquer tipo de arroubo, acabou encontrando uma solução que eu posso lhe garantir: tem o aplauso do presidente da República, tem o meu aplauso”.

De quebra, acabou cutucando involuntariamente Haddad: “Independente de eu achar a melhor solução ou não, o importante é achar um caminho. É melhor um final trágico do que uma tragédia sem fim. Nós estávamos vivendo uma tragédia que parecia sem fim. Quero parabenizar Vossa Excelência, agradecer em nome do governo”.

Ou seja, Wagner agradeceu publicamente o presidente do Senado por rejeitar uma medida publicada pelo governo do qual faz parte. Fez questão de dizer que Lula não tinha nada a ver com isso e colocou todo o episódio na conta de Haddad.

O ministro da Fazenda, no meio da confusão, preferiu ignorar a realidade que o cercava. Em meio a críticas contundentes sobre a natureza da MP, minimizou a reação do empresariado. “A preocupação maior que ouvi de empresários é sobre o prazo, e isso estamos dispostos a sintonizar com a reforma tributária”, afirmou a jornalistas que o cercaram no prédio do Ministério.

Já derrotado, o ministro afirmou não haver “plano B” para a medida provisória. Talvez não exista agora, mas rapidamente haverá alguma alternativa à vista, uma vez que a criatividade dos técnicos da Receita Federal é infinita quando se fala em aumentar a arrecadação.

A pergunta que não quer calar: Haddad cairá em função destes tropeços? Dificilmente. Lula sabe que ele é o único nome entre os quadros do PT ainda palatável à Faria Lima e aos empresários. Há outro: Gabriel Galípolo. Mas, por enquanto, ele está no banco de reservas para ocupar o lugar de Roberto Campos Neto no Banco Central.

Mudando de assunto: ontem, pela primeira vez em quinze anos, tive um post recusado pelo Facebook. Tentei postar meu artigo de ontem, que versava sobre o leilão cancelado de arroz, e recebi a seguinte mensagem: “Removemos sua publicação. Parece que você tentou obter curtidas, seguidores, compartilhamentos ou visualizações de vídeos de maneira enganosa”.

Trocando em miúdos, isso é uma acusação de publicar fake news. Desafio qualquer pessoa a ler esse artigo e enxergar algum indício de notícia falsa no texto. Isso é tão inacreditável que merece ser discutido no plano jurídico.

Vamos ver se o texto de hoje passa pelo escrutínio dos donos virtuais da verdade que estão a serviço de Mark Zuckerberg.

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Comentários

Respostas de 3

  1. Comparar a atitude de desatenção do Haddad em relação as críticas que recebeu, a ele se passar por Autista, é de uma falta de respeito e grosseria incompreensível, será que o autor tem um vocabulário tão estreito que não encontrou nenhum adjetivo mais adequado e respeitoso para a atitude de “ouvido de mercador” assumida pelo Ministro da fazenda?
    Realmente lamentável.

    1. Desrespeitoso e o senhor menosprezar os autistas e suas famílias. Mais respeito com os neurodiversos, já que o que está fazendo pode ser classificado como crime.

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