Pesquisar
PATROCINADORES
PATROCINADORES

A vida na zona do desconforto

Nesta semana, estava fazendo um rasante no LinkedIn e percebi que havia três artigos – de fontes diferentes – sobre a importância em sair da chamada zona de conforto. Não é exatamente um tema novo. Mas, por alguma razão que desconheço, as pessoas voltaram a discutir esse assunto. Diante disso, comecei a questionar se eu estava (ou não) neste local imaginário, onde tudo ocorre dentro de um ambiente teoricamente controlado e protegido.

Depois de alguns segundos, cheguei à conclusão de que não estava acomodado com minhas atividades atuais. Estou pensando em mudar determinadas atividades profissionais já me decidi por novos caminhos, que serão implementados em breve. E estou sempre buscando oxigenar minha cabeça.

Resolvi, então, voltar aos primórdios de minha carreira, quando ainda era estagiário na saudosa Gazeta Mercantil. Como profissional iniciante, tinha de executar todas as tarefas chatas da minha editoria. Lembro em especial de uma seção chamada “Mini Balanços”. Era obrigado a preencher fichas com o resultado de empresas de capital aberto que não possuíam ações negociadas nas bolsas. Além de ser um tédio, acreditava que aquelas fichinhas não serviam para nada. Entre minhas intenções e das ambições, queria apurar e escrever reportagens maiores. Entender melhor alguns mecanismos da macroeconomia e do mercado financeiro. Emplacar um texto que merecesse uma chamada de primeira página. E, obviamente, a ser autor da matéria que estampasse a manchete do jornal. Demorou alguns meses, mas consegui cumprir todos os meus objetivos.

Tinha 22 anos nessa época. Não acredito que essas atitudes fossem as de uma pessoa confinada em sua zona de conforto. Mais tarde, fui trabalhar na revista Veja e pude conviver, ainda garoto, com grandes nomes do jornalismo, como J. R. Guzzo, Elio Gaspari e Dorrit Harazin. O ritmo de trabalho era intenso, com fechamentos que avançavam pela madrugada nas quintas e sextas-feiras. A cobrança era gigantesca e a competição entre o baixo clero, onde eu me encontrava, era fortíssima. Afinal, éramos jovens repórteres buscando um lugar ao sol. Portanto, não havia como se acomodar.

Mais tarde, aos 25 anos, veio o primeiro desafio profissional de gente grande: tornei-me editor de Finanças da revista Exame e tive de aprender, quase que instantaneamente, como chefiar pessoas. Muitas delas, inclusive, mais velhas e com mais experiência que eu. Tentei encontrar um caminho que compatibilizasse camaradagem e respeito, sem gritos ou broncas desnecessárias. Ao mesmo tempo, era imperativo que conseguisse ampliar meu espaço editorial na revista, comprovando que eu poderia ser um bom editor (são habilidades bem diferentes das de um repórter, diga-se).

Um pouco antes de completar 30 anos, quis trabalhar na área de negócios de Exame e me tornei responsável pela área de projetos especiais, desenvolvendo seminários e produtos multimídia, além de me envolver diretamente no departamento comercial e no setor de circulação. A ideia era me preparar para ser um publisher, função que desempenhei depois e desempenho nos dias de hoje. Logo após isso, deixei a revista para cooperar com a primeira iniciativa de internet da Editora Abril, o portal Brasil Online (que mais tarde seria incorporado ao UOL, numa joint-venture entre Abril e Folha de S. Paulo).

Depois, trabalhei na TV Globo, na revista América Economia (na época, ligada à Dow Jones), no Banco HSBC (como diretor-adjunto de comunicação) e em uma editora criada pelo Banco Pátria (que na época se chamava Patrimônio). Fui, então, chamado para um projeto desafiador: dirigir a revista Época e comandar todas as publicações da Editora Globo. Saindo de lá, novamente resolvi arriscar: fui trabalhar na agência de publicidade Grey, responsável pela área de Branded Content. Da Grey, passei a ser empreendedor – uma posição que sempre deixa os nervos à flor da pele.

Em nenhum destes momentos, me senti em uma zona de conforto. Pelo contrário. Eu sempre me vi no meio da zona de desconforto. Talvez isso tenha me dado resiliência. Ou criatividade. Ou jogo de cintura. Mas percebo que não sou o único a ter vivido este tipo de situação. Para viver fora da acomodação, é preciso ter uma inquietação constante dentro de si. Uma vontade de crescer e de evoluir. Quem tem isso, tem tudo.

E você, também está na sua própria zona de desconforto?

Compartilhe

Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pesquisar

©2017-2020 Money Report. Todos os direitos reservados. Money Report preza a qualidade da informação e atesta a apuração de todo o conteúdo produzido por sua equipe.