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Algumas palavras sobre o fenômeno Tina Turner

Já tinha ouvido falar em Tina Turner quando entrei na adolescência, mas não conhecia sua obra musical. Até que fui ao Cine Bijou, na Praça Roosevelt, ver uma reprise da ópera Rock “Tommy”. Quando ela apareceu na tela, como a “Acid Queen”, fiquei chapado com aquela voz rasgada, de alcance inimaginável, que me pareceu familiar. Ainda voltando para casa, lembrei-me que ela era a cantora de “River Deep, Mountain High”, uma canção que tocava muito no rádio durante minha infância.

Fui ouvi-la novamente somente ao final de 1983, quando ela regravou “Let’s Stay Together”, que havia sido sucesso na voz de Al Green nos anos 1970. Ela voltou ao sucesso por conta de uma dupla de produtores, Glenn Gregory e Martyn Ware, do grupo inglês Heaven 17 (nome tirado de uma banda fictícia citada no filme “Laranja Mecânica”). Eles tinham feito, no ano anterior, um disco no qual convidaram cantores e cantoras que eram de sua predileção para colocar suas vozes nas faixas. Tina regravou “Ball of Confusion”, que havia sido sucesso com os Temptations em 1970. A gravação fez sucesso apenas na Holanda, mas isso foi suficiente para colocá-la no radar das gravadoras. A Capitol, então, chamou-a para lanar um compacto simples.

Ela retribuiu a gentileza e convocou Gregory e Ware para produzir a canção escolhida por ela – justamente “Let’s Stay Together” (eles podem ser vistos rapidamente no vídeo da canção, entre 0:59 e 1:02). Ela, com esse disco, conseguiu voltar às paradas e gravar um álbum que seria campeão de vendas no mundo todo. Aos 43 anos, ela dava a volta por cima, depois de sair do casamento com Ike Turner (um sujeito misógino e violento) sem um tostão no bolso.

Alguns anos mais tarde, fazendo uma reportagem para a Veja S. Paulo sobre a investida da Pepsi-Cola no mercado paulista, tomei conhecimento que ela havia gravado uma campanha publicitária para o refrigerante com astros da música de vários planetas. Recebi uma fita de videocassete com essa performance – e descobri que, para o Brasil, o escolhido havia sido Evandro Mesquita. No “making of” do vídeo, por sinal, ela disse que o brasileiro tinha sido o parceiro que ela mais havia gostado de dividir o palco.

Logo depois, fui a um show dela no estádio do Pacaembu. Foi inacreditável ver aquela energia toda no palco. Ela pulava e dançava sem perder a afinação ou o fôlego. Impressionante. Neste espetáculo, ela tocou todas as minhas músicas favoritas: “Fool in Love”, “Shake a Tail Feather”, “Proud Mary”, “Let’s Stay Together” e “What’s Love Got to Do With it”.

Quando alguém tão talentoso vai embora, sempre pensamos que essa pessoa foi cedo demais, sem importar a idade. Foi o caso de Tina, que nos deixou aos 83 anos. Seu último show foi aos 69, com a energia e o carisma de sempre. Que ela leve toda essa alegria para o andar de cima – e forme uma banda com a nossa querida e eterna Rita Lee.

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