Há alguns meses, conversava com um amigo pelo telefone. Ele caminhava pela avenida Paulista, indo para um compromisso de trabalho, e falava comigo durante o percurso. De repente, escutei uma comoção e os gritos dele: “Pega ladrão, pega ladrão”. Depois de alguns segundos, ele voltou à linha. Naquele intervalo, passou um assaltante e tomou-lhe o celular. Mas o meliante foi contido pelas pessoas que viram o furto e o seguraram.
Neste caso, tudo terminou bem. Porém, isso não é o que acontece normalmente. Nessa mesma via, a mais importante de São Paulo, até houve um decréscimo de ocorrências. No entanto, ainda há uma média diária de 28 celulares roubados ou furtados (os últimos dados são de outubro deste ano).
Mas o que parecia ser algo comum no Brasil (ou em outros países com grande desigualdade social) passou a ocorrer com frequência na Europa. Uma reportagem publicada ontem pela “Folha de S. Paulo”, por exemplo, apresenta mensagens da Polícia Metropolitana de Londres distribuídas para a população: “Olhe bem para frente, acautele-se. Fique sempre atento ao que ocorre à sua volta e mantenha seus pertences e celular escondidos. Criminosos usam motos, bicicletas e bicicletas elétricas para arrancar celulares de suas mãos. Podem andar pela calçada ou esperar em cruzamentos. Quando estiver caminhando, olhe em direção ao trânsito. Isso pode ajudar na visualização de alguém que esteja se aproximando”.
Neste quesito, nunca Londres foi tão parecida com São Paulo. Números do governo publicados em setembro mostraram que esses crimes aumentaram 150% em relação ao ano anterior. E das 78.000 pessoas que tiveram um telefone ou bolsa roubados na Inglaterra e no País de Gales no ano até o final de março, mais de 58.000 delas (74%) estavam em Londres.
Uma parte deste cenário pode ser explicada como uma consequência do Brexit, que diminuiu a produtividade das empresas em 4% e reduziu as exportações em 15%, fazendo a atividade econômica minguar. Além disso, provocou o êxodo de cidadãos da União Europeia e acabou atraindo a entrada de imigrantes ilegais em grande quantidade.
Para piorar este quadro, o novo governo trabalhista anunciou um pacote econômico que ampliou os tributos sobre pessoas físicas e jurídicas, no valor total de US$ 52 bilhões. Boa parte dessa conta está destinada aos mais ricos, que estão deixando o Reino Unido. A estimativa é de que cerca de 130.000 milionários deixem o país em 2024. Para muitos, o destino é a cidade italiana de Milão.
O roubo de celulares é reflexo de uma sociedade desequilibrada. O que é surpreendente, neste caso, é como Londres entrou nesta situação de forma tão rápida. Nada indica, porém, que exista uma solução no curto prazo para coibir o ataque aos smartphones britânicos. Isso vai incomodar os brasileiros que se acostumaram a desfilar pelas ruas de grandes cidades internacionais usando relógios e falando despreocupadamente ao celular. Esses dias, pelo jeito, acabaram – especialmente se o destino da viagem internacional destes turistas for Londres.
Uma resposta
São muitos os aspectos que poderiam servir de ponto de partida para análise desse triste tema.
Acho curioso que nunca se tenha levantado, de forma efetiva, o que países como Inglaterra, França, Espanha, Itália, Holanda, Russia, Estados Unidos e tantos outros, deixaram, através dos séculos, de resultado de suas invasões, na América Central e do Sul, na África, na Ásia, no Oriente e por aí afora. Para construir seus impérios, dilapidaram as riquesas dos países invadidos, escravizaram, mataram, destruiram, deixando, mundo afora, rastros que, em maior ou menor escala, acabou gerando enormes desequilíbrios. Irrecuperáveis. A injustiça social é um fato. Não adianta tentarem tapar o sol com a peneira. Viveremos em um mundo cada vez mais perigoso e inseguro. Em determinada medida o ser humano continua a mesma besta fera. As guerras estão espalhadas pelos 4 cantos do planeta. As disputas, invasões, a pobresa, a miséria, continua se multiplicando. Esperar o quê? Claro que continuaremos a assistir a hordas e mais hordas de imigrantes invadindo aqui e ali. E, diga-se de passagem, o que acontecerá, daqui a mais uma ou duas décadas? Já está provado que a população muçulmana de grande parte dos países da Europa, será maioria!. E como caminharão esses países? O que isso representará no futuro? Nada contra os muçulmanos! Falo quanto à formação dos governos, leis que poderão ser editadas, etcetcetc. O tema e as possibilidades vão longe. E nenhuma delas, me parecem, pressupõem a melhoria do padrão de vida das pessoas, a diminuição do desequilíbrio social. Ao contrário. Me parece muito claro que o fosso apenas aumentará. E os tempos de “roubo de celulares” poderão ser uma lembrança nostálgica, diante de coisas maiores e mais graves que poderão vir a acontecer. Desculpe a visão pessimista. Não é muito minha preferência, mas…