É inevitável. Envelhecer é algo que acontece com todos. Mas o efeito do envelhecimento, para uns, é melhor do que para outros. Vamos esquecer, por enquanto, os aspectos econômicos (muitos acham que dinheiro compra tudo, inclusive uma aparência mais jovem) que envolvem o tema. O fato é que existem pessoas riquíssimas que aparentam dez anos a mais do que a idade verdadeira – ou que chegam à velhice sem saúde ou independência.
O que é necessário para retardar a inevitável declínio? E trazer maior qualidade de vida nossos últimos anos de existência? A resposta é simples: disciplina. Embora seja uma solução aparentemente acessível a todos, é algo de difícil execução.
Vamos começar pela decadência física, que todos experimentam – com raríssimas exceções – após os 45 anos de idade.
Um dos sintomas mais frequentes do declínio do corpo é o aumento de peso. Muitos podem apelar para atalhos, como as injeções de Moujaro e Ozempic, que reduzem a fome e provocam a redução de peso. Parece fácil, certo? Errado. Em muitos casos, esses dois remédios provocam enjoos e um mal-estar constante. O que é preciso para se manter na linha? Sim, você acertou: disciplina.
Mas digamos que você seja como eu, que tenho refluxo gástrico e passo muito, mas muito mal mesmo com esse tipo de medicamento. A única solução é uma dieta espartana, com poucas doses de carboidratos e açúcar. Você consegue viver sem arroz, massas, chocolates, doces e sorvetes? Não é fácil, certo? O que possibilita a alguém reduzir as quantidades ingeridas dessas delícias? Exatamente: a disciplina.
Mas somente uma dieta regular não vai resolver o seu problema. É preciso também movimentar o corpo, queimar calorias e botar o metabolismo para acelerar. Não vale fazer isso uma vez por semana. O corpo humano precisa de exercícios pelo menos três vezes a cada sete dias. Além disso, lembre-se que os músculos enrijecem com o tempo. Por isso, é necessário fazer alongamentos, para que mantenhamos o mínimo de elasticidade – uma das pedras fundamentais de nossa independência na velhice. Para se exercitar e se alongar com frequência, o que é preciso? Mais uma vez: disciplina.
E quanto à nossa mente? Pense no cérebro como um músculo que precisa ser treinado constantemente, com leituras, jogos e outros estímulos, como a escrita. Uma rotina de leituras e de exercícios mentais prolonga a nossa sanidade. Vejo pelo meu pai. Às vésperas de completar 90 anos, ele estava em uma roda de samba há poucos dias, cantando a plenos pulmões. O que ele faz diariamente? Lê, pesquisa e toma notas para escrever (mais um) livro. Como ele consegue fazer isso repetidamente? Acertou quem repetiu as respostas anteriores: disciplina.
Mas há outro aspecto mental que precisa ser trabalhado: nosso estado de espírito, o lado psicológico. Precisamos compreender as limitações da nossa nova fase da vida e tocar em frente, sem deixar espaço para a depressão. Obviamente, cada um consegue processar isso de uma forma diferente – e muitos vão buscar a ajuda de um profissional. Mas, para se manter com a motivação em alta, só tem um jeito: através da disciplina.
Nessa fase da vida, nossos recursos financeiros precisam também durar. É por isso que vemos tantos idosos imersos na avareza. Tem como evitar isso? Tem. Só que, para conseguir esse objetivo, necessitamos de planejamento e… disciplina.
É chato, na chamada Terceira Idade, ser disciplinado? Sim. Queremos aproveitar a vida que nos resta, sem muitas amarras. Neste momento, tudo é uma questão de ponderar o que é melhor. Mas a moderação, em termos de longevidade, sempre ganhou da destemperança.